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Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul
Bispo de Santa Cruz do Sul
Caros diocesanos. Continuamos a
refletir o recente documento da CNBB sobre a IVC. Hoje passamos ao capítulo
III, que aborda o ILUMINAR – o discernir como
Igreja.
Nas comunidades antigas a missão de
iniciar na fé cabia à interação entre liturgia e catequese. Ambas andavam
unidas no processo da Iniciação cristã,
com o objetivo da imersão no mistério de Cristo e da Igreja. Tudo acontecia num
clima mistagógico: de espiritualidade, de oração, de celebrações e ritos. A
partir do séc. V, aconteceu progressiva separação da liturgia e da catequese,
com o surgimento da cristandade e suas consequências. Mais tarde apareceu o
caráter doutrinal dos catecismos, provocados pelo Concílio de Trento e que
orientaram a catequese até o Vaticano II.
O Concílio impulsionou uma revisão
teológica e pastoral da iniciação cristã, apontando ao resgate adaptado do
espírito catecumenal. A IVC não pode consistir numa pastoral a mais, mas o eixo
central e unificador de toda ação evangelizadora e pastoral. Ela pode ser
definida como um caminho progressivo, por meio de etapas, de ritos e de
ensinamentos que visam transformação religiosa e social do iniciado: mudança
existencial, de identidade e compromisso. O mergulho no mistério de Deus, que
chega à plenitude em Jesus Cristo e insere na comunidade eclesial, orienta todo
processo iniciático. A IVC traz vida nova, com participação na natureza divina.
Realiza a unidade da obra trinitária: no Batismo assumimos a condição de filhos
do Pai. O batizado é chamado: neófito (planta nova); a Crisma nos unge e
fortifica com o dom do Espírito; a
Eucaristia nos alimenta com o próprio Cristo, o Filho.
A IVC proporciona a incorporação na dinâmica do mistério pascal de Cristo:
treva-luz, pecado-graça, escravidão-libertação, morte-vida. Por ela acontece a
presença do Espírito no processo catecumenal: é precursor (vem
antes); é acompanhante (está presente a cada
momento); é continuador (leva à
perfeição). O Espírito Santo está sempre presente na Igreja, realizando nela a
comunhão.
A natureza da Igreja é ser querigmática (anunciadora da verdade fundamental,
manifestada em Cristo) e ser missionária. Este
anúncio deve inserir-se no contexto vital dos que o recebem. A Igreja
querigmática e missionária é peregrina, samaritana, misericordiosa; favorece a
experiência de fé. A comunidade é ajudada pelo itinerário catecumenal para
crescer na fé e ela exerce a função maternal de gerar filhos.
A partir do Vaticano II, a Igreja propõe a experiência catecumenal do
RICA = Ritual de Iniciação Cristã de Adultos, com seus quatro tempos (Pré-catecumenato, Catecumenato,
Iluminação – Purificação, Mistagogia), já apresentados em outras mensagens. Na
passagem dos tempos acontecem as celebrações. O RICA não é livro catequético, mas
litúrgico, com ritos, orações e celebrações. Não serve apenas como ritual para
batismo de adultos, mas também para os já batizados, que tiveram uma iniciação
insuficiente ou se afastaram da comunidade. A Igreja propõe que se ofereça
também processos adaptados de inspiração catecumenal para crianças,
adolescentes e jovens. Já existem itinerários adequados para tal. Os processos
iniciáticos culminam com a recepção dos sacramentos, que devem revelar unidade.
São atos do próprio Cristo na ação ritual da Igreja. É Ele que nos torna
cristãos e nos introduz no seio da Trindade e no corpo eclesial.
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