quarta-feira, 29 de julho de 2020

Comissão elabora subsídio para o Mês Vocacional.

O Mês Vocacional, instituído no Brasil há quase 40 anos, vem celebrando e homenageando todas as vocações no decorrer das semanas de agosto.  Em cada uma das semanas deste mês, de domingo a sábado, todos são convidados a voltar as atenções para um grupo específico de vocações.
Neste ano, na primeira semana, de 2 a 8 de agosto, será recordada as vocações dos diáconos, presbíteros e bispos (ministérios ordenados). Na segunda semana, de 9 a 15, é a vez de lembrar da vocação do pai,  mãe e dos filhos (a família). Neste caso, em específico, a Pastoral Familiar celebra a Semana Nacional da Família, com subsídios específicos.
Na terceira semana do mês de agosto, de 16 a 22, é lembrada a vocação das pessoas de vida consagrada (aqueles que fazem os votos de Castidade, Pobreza e Obediência). A Semana Nacional da Vida Consagrada, a partir deste ano, é uma novidade no mês vocacional.
A quarta semana, de 23 a 29, a vocação dos cristãos leigos e leigas e seus diversos serviços na comunidade (ministérios não ordenados) é lembrada. E, no último domingo, dia 30, é celebrado o Dia dos Catequistas, homenageando e valorizando essa vocação tão importante nas comunidades.
Foi justamente pensando em formas de celebrar de forma concreta o mês vocacional e oferecer apoio aos animadores vocacionais que a Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) elaborou o subsídio “Amados e chamados por Deus”.
“Que todos possam adquirir esse subsídio e utilizá-lo nas bases, com todos os membros das equipes vocacionais”, afirma o assessor da Comissão, padre Juarez Albino Destro.
No subsídio, que está disponível no site da Editora da CNBB, há três propostas de terço vocacional, que poderão ser recitados em família ou em grupo, e três opções de “eventos” ou iniciativas que poderão ser organizados na comunidade: um encontro vocacional para despertar vocações; uma vigília vocacional; e uma leitura orante vocacional. Poderão ser realizados envolvendo – preferencialmente – os jovens.
As propostas, segundo a apresentação do documento, poderão ser utilizadas de acordo com as realidades e necessidades, sem uma ordem sequencial obrigatória. Para a abertura do mês vocacional no dia 1º, um sábado, há a celebração da Vigília Vocacional, por exemplo. E, na conclusão do mês, no dia 31, uma segunda-feira, o Terço Vocacional com os Mistérios da Luz.
Padre Juarez explica, ainda, que o subsídio trouxe a Mensagem do Papa para o 57º Dia Mundial de Oração pelas Vocações. “Este ano ele resgatou quatro palavras vocacionais: gratidão, louvor, coragem, tribulação. São palavras bastante interessantes de serem aprofundadas para as reflexões durante esse mês de agosto e durante o ano inteiro”, salienta.
“Desejamos que os animadores vocacionais possam celebrar o mês vocacional com muita alegria e disposição, abusando da criatividade e contagiando as comunidades eclesiais para que se sintam vocacionadas e dispostas a dizer sim ao chamado de Deus, de ser operário e operária na messe do Senhor”, finaliza a Comissão na carta de apresentação do documento.

Fonte: CNBB - 

quarta-feira, 8 de julho de 2020

NOVO DIRETÓRIO DE CATEQUESE: ATUALIZANDO O EVANGELHO


Após o "Diretório Catequético Geral" de 1971 e o "Diretório Geral de Catequese" de 1997, é publicado hoje o novo "Diretório de Catequese", elaborado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. O documento foi aprovado pelo Papa Francisco, em 23 de março de 2020, memorial litúrgico de São Turíbio de Mogrovejo que, no século XVI, deu um forte impulso à evangelização e à catequese
A peculiaridade do novo Diretório é o estreito vínculo entre evangelização e catequese, que sublinha a união entre o primeiro anúncio e o amadurecimento da fé, à luz da cultura do encontro. Essa peculiaridade - explica ele - é mais necessária diante de dois desafios para a Igreja na era contemporânea: a cultura digital e a globalização da cultura. Em mais de 300 páginas, divididas em 3 partes e 12 capítulos, o texto lembra que toda pessoa batizada é um discípulo missionário e que esforços e responsabilidades são urgentemente necessários para encontrar novas linguagens com as quais comunicar a fé. Três são os princípios básicos com quais se pode agir: o testemunho, porque "a Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração"; misericórdia, a catequese autêntica que torna credível a proclamação da fé e diálogo, livre e gratuito, que não obriga, mas que, a partir do amor, contribui para a paz. Dessa forma - explica o Diretório - a catequese ajuda os cristãos a dar pleno sentido à sua existência.
A formação dos catequistas
Em sua primeira parte, intitulada "A catequese na missão evangelizadora da Igreja", o texto se concentra, em particular, na formação dos catequistas: para que eles sejam testemunhas credíveis da fé, devem " ser  catequistas antes mesmo de  fazer os catequistas "e, portanto, terão que trabalhar com gratuidade, dedicação, coerência, segundo uma espiritualidade missionária que os afaste do "esforço pastoral estéril" e do individualismo. Professores, educadores, testemunhas e catequistas devem acompanhar a liberdade dos outros com humildade e respeito. Ao mesmo tempo, será necessário "estar vigilante para garantir que todas as pessoas, especialmente menores e pessoas vulneráveis, tenham proteção absoluta garantida contra qualquer forma de abuso". Os catequistas também são convidados a adotar um "estilo de comunhão" e a serem criativos no uso de ferramentas e linguagens.
A linguagem da catequese: narração, arte, música 
O desafio da linguagem está presente, em particular, na segunda parte do Diretório, intitulada "O processo de catequese". Numerosas modalidades expressivas mencionadas, a partir da narração, definida como "um modelo comunicativo profundo e eficaz", pois são capazes de entrelaçar, de modo fecundo, a história de Jesus, a fé e a vida dos homens. Depois, é importante a arte que, por meio da contemplação da beleza, permite fazer a experiência do encontro com Deus, enquanto que a música, especialmente a música sacra, instila no espírito humano o desejo pelo infinito.
Catequese na vida das pessoas: a importância da família
 Quando a catequese se torna concreta na vida das pessoas é que emerge claramente a importância da família: um sujeito ativo de evangelização e um lugar natural para viver a fé de maneira simples e espontânea. Oferece, de fato, uma educação cristã “que mais testemunha do que ensina”, por um estilo humilde e compassivo. Diante de situações irregulares e de novos cenários familiares presentes na sociedade contemporânea, nos quais há um esvaziamento do significado transcendente da família, a Igreja pede que se acompanhe na fé, com proximidade, escuta e compreensão, numa ótica de cuidado, respeito e solicitude, para devolver a todos a confiança e a esperança e superar a solidão e a discriminação. A catequese também será projetada de acordo com as faixas etárias de seus destinatários: crianças, jovens, adultos, idosos. Mas, embora diversificada nas linguagens, deve ter um estilo único: o de acompanhamento, que torna os catequistas testemunhas credíveis, convictos e comprometidos, discretos mas presentes, capazes de valorizar as qualidades de cada fiel e de fazê-lo se sentir acolhido e reconhecido dentro da comunidade cristã.
"Cultura de inclusão" e acolhimento de deficientes e migrantes
Hospitalidade e reconhecimento são as palavras-chave que devem acompanhar também a catequese com as pessoas com deficiência: diante do constrangimento e do medo que podem despertar, porque lembram a dor e a morte, será importante responder com uma "cultura de inclusão" que vença a “da exclusão”. As pessoas com deficiência são, de fato, testemunhas das verdades essenciais da vida humana, como a vulnerabilidade e a fragilidade, devendo, portanto, ser aceitas como um grande dom, enquanto suas famílias merecem "respeito e admiração". Outra categoria específica mencionada pelo Diretório é dos migrantes que, longe de sua terra natal, podem sofrer uma crise de fé: para eles também, a catequese terá que se concentrar em acolhida, confiança e solidariedade, a fim de que sejam sustentados na luta contra os preconceitos e aos graves perigos em que possam sucumbir, como o tráfico de seres humanos. 
A prisão, "autêntica terra missionária"; a opção preferencial pelos pobres
O documento, ainda, olha para as prisões como uma "autêntica terra de missão": para os presos, a catequese será o anúncio da salvação em Cristo, perdão e libertação, juntamente com uma escuta atenta que mostra o rosto materno da Igreja. Entre as categorias mais marginalizadas, a Igreja não esquece os pobres: a opção preferencial por eles seja também  "atenção espiritual" - pede o Diretório - lembrando o primado da caridade e a importância de um dinamismo missionário que, no encontro com o mais necessitado, realize o encontro com Cristo. "A Igreja também - recomenda o texto - é chamada a experimentar a pobreza como abandono total a Deus, sem confiar nos meios mundanos". Nesse contexto, a catequese deve educar para a pobreza evangélica, promover a cultura da fraternidade e fomentar nos fiéis a indignação pelas situações de miséria e injustiça. Além disso, nas proximidades do Dia Mundial dos Pobres, a reflexão catequética deve ser acompanhada de "um compromisso concreto e direto, com sinais tangíveis de atenção aos pobres e marginalizados".
Paróquias, associações e escolas católicas
Na terceira parte, dedicada à "catequese nas Igrejas Particulares", emerge, sobretudo, o papel das paróquias, associações e movimentos eclesiais e das escolas católicas. Das primeiras, definidas como "exemplo de apostolado comunitário", destaca-se a "plasticidade" que as torna capazes de uma catequese criativa, "em escuta" e "em saída”  em relação às experiências das pessoas. Das associações e movimentos, por outro lado, é lembrada a "grande capacidade evangelizadora" que os torna uma "riqueza da Igreja", desde que cuidem da formação e da comunhão eclesial. Quanto às escolas católicas, eles são instadas a mudar de escolas-instituições para escolas-comunidades ou comunidades, ou seja, de fé com um projeto educativo baseado nos valores do Evangelho.
Ensino de religião e catequese: distintos, mas complementares
Nesse contexto, um parágrafo à parte é dedicado ao ensino da religião, que - enfatiza - é distinto, mas complementar à catequese, e é caracterizado por dois aspectos: o entrar em relações com outros conhecimentos e saber transformar o conhecimento em sabedoria da vida. "O fator religioso é uma dimensão da existência e não deve ser esquecido", diz o Diretório; portanto, "é direito dos pais e dos alunos" receber uma formação integral que também leve em consideração o ensino da religião. O importante é que isso sempre ocorra através de um diálogo aberto e respeitoso, livre de conflitos ideológicos.
Pluralismo cultural e pluralismo religioso: a relação com o judaísmo e o islã
Um grande capítulo enfoca os diferentes cenários contemporâneos com os quais a catequese deve se confrontar: pluralismo cultural que leva ao tratamento superficial de questões morais; os contextos urbanos difíceis, muitas vezes desumanos, violentos e segregantes; o confronto com os povos indígenas que requer conhecimento adequado para superar os preconceitos; a piedade popular e seu ser, por um lado, um "lugar teológico" e "reserva de fé", mas, por outro, o correr o risco de se abrir para superstições e seitas. Em todos esses ambientes, a catequese é chamada a trazer esperança e dignidade, a superar o anonimato e a promover a proteção ambiental. Setores especiais também são os do ecumenismo e do diálogo inter-religioso com o judaísmo e o islamismo: em relação ao primeiro ponto, o Diretório enfatiza como a catequese deve "despertar o desejo de unidade" entre os cristãos, para ser "um instrumento credível de evangelização". Quanto ao judaísmo, convida-se um diálogo que combata o antissemitismo e promova a paz e a justiça. Diante do fundamentalismo violento que, às vezes, pode se encontrar no Islã, a Igreja pede que evitem generalizações superficiais, promovendo o conhecimento e o encontro com os muçulmanos. De qualquer forma, em um contexto de pluralismo religioso, a catequese deverá "aprofundar e fortalecer a identidade dos crentes", ajudando-os no discernimento e promovendo seu impulso missionário por meio de testemunho, da colaboração e do diálogo "afável e cordial". Quanto ao judaísmo, convida-se um diálogo que combate o antissemitismo e promova a paz e a justiça. Diante do fundamentalismo violento que às vezes se encontra no Islã, a Igreja pede que evitem generalizações superficiais, promovendo o conhecimento e encontro com muçulmanos. De qualquer forma, em um contexto de pluralismo religioso, a catequese deve "aprofundar e fortalecer a identidade dos crentes", ajudando-os a serem discernidos e promovendo seu ímpeto missionário por meio de testemunho, colaboração e diálogo "afável e cordial". 
 O mundo digital: luzes e sombras
A reflexão do Diretório passa então ao tema digital: primeiro, reitera-se a importância de garantir, na “rede”, uma presença, que testemunhe os valores do Evangelho. Portanto, os catequistas são instados a educar as pessoas sobre o bom uso do digital: em particular, os jovens deverão ser acompanhados, pois o mundo virtual pode ter profundas repercussões no gerenciamento das emoções e na construção da identidade. Hoje, a cultura digital - continua o documento - é percebida como "natural", tanto que mudou a linguagem e as hierarquias de valores em escala global. Rico em aspectos positivos (por exemplo, enriquece as habilidades cognitivas e promove informações independentes para proteger as pessoas mais vulneráveis), ao mesmo tempo em que o mundo digital também possui um "lado sombrio": pode trazer solidão, manipulação, violência, cyberbullying, preconceitos, ódio. Não apenas isso: a narrativa digital é emocional, intuitiva e envolvente, mas é desprovida de análises críticas, acabando por tornar os destinatários simples usuários, em vez de decodificadores de uma mensagem. Sem esquecer a atitude quase "fideísta" que você pode ter em relação, por exemplo, a um mecanismo de pesquisa.
Combater a cultura do instantâneo
Então, o que a catequese pode fazer nesse setor? Educar, antes de tudo, para combater  a "cultura do instantâneo", desprovida de hierarquias e perspectivas de valor, fraca na memória e incapaz de distinguir verdade e qualidade. Acima de tudo, os jovens serão acompanhados na busca de uma liberdade interior que os ajude a se diferenciar do "rebanho social". "O desafio da evangelização envolve o da inculturação no continente digital", afirma o Diretório, reiterando a importância de oferecer espaços de experiência de fé autêntica, capazes de fornecer chaves interpretativas para temas fortes, como corporalidade, afetividade, justiça e paz.
Ciência e fé: conflitos aparentes, testemunho de cientistas cristãos
O documento enfoca a ciência e a tecnologia. Reafirmando que devem se orientar para a melhoria das condições de vida e o progresso da família humana, colocando-se assim a serviço da pessoa, ao mesmo tempo em que o Diretório recomenda uma catequese bem preparada e aprofundada que saiba combater uma divulgação científica e tecnológica muitas vezes imprecisa. Por isso, exorta-nos a eliminar preconceitos e ideologias e a esclarecer os aparentes conflitos entre ciência e fé, além de valorizar o testemunho de cientistas cristãos, um exemplo de harmonia e síntese entre os dois. O cientista, de fato, busca a verdade com sinceridade, se inclina à comunicação e ao diálogo, ama a honestidade intelectual e pode, portanto, favorecer a inculturação da fé na ciência.
Bioética: nem tudo o que é tecnicamente possível é moralmente admissível
Uma reflexão, à parte, contudo, deve ser feita para a bioética, partindo do pressuposto de que "nem tudo o que é tecnicamente possível é moralmente admissível". Portanto, será necessário distinguir entre intervenções terapêuticas e manipulações, e prestar atenção à eugenética e às discriminações que ela implica. Quanto à denominação de "gênero", recorde-se que a Igreja acompanha "sempre e em qualquer situação", sem julgar, pessoas que vivem situações complexas e, às vezes, conflitantes. No entanto, "numa perspectiva de fé, a sexualidade não é apenas um dado físico, mas é uma realidade pessoal, um valor confiado à responsabilidade da pessoa", "uma resposta ao chamado original de Deus". Em bioética, portanto, os catequistas precisarão de treinamento específico que parte do princípio da sacralidade e inviolabilidade da vida humana, que contrastam a cultura da morte. Nesse sentido, o Diretório condena a pena de morte, definida como "uma medida desumana que humilha a dignidade da pessoa".
Conversão ecológica, compromisso social e proteção ao emprego
Entre as outras questões abordadas no documento, a referência a uma "profunda conversão ecológica" a ser promovida através de uma catequese atenta à proteção da Criação, inspiradora de uma vida virtuosa, longe do consumismo, porque "a ecologia integral é parte integrante da vida cristã". Há também um forte incentivo a um compromisso social ativo dos católicos, para agirem em favor do bem comum,  combatendo as estruturas do pecado com a retidão moral e a abertura ao diálogo. Quanto ao mundo do trabalho, exorta-se a evangelização de acordo com a Doutrina Social da Igreja, com especial atenção à defesa dos direitos dos mais fracos. Finalmente, os dois últimos capítulos do Diretório enfocam os catecismos locais, com as indicações relativas para obter a aprovação da Sé Apostólica, e sobre os organismos a serviço da catequese, entre eles o Sínodo dos Bispos e as Conferências Episcopais. 
Fonte: site do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização – 25.06.2020
Artigo de Isabella Piro 
Tradução Marlene Maria Silva

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Artigo de julho 2020 - Padre Aparecido Neres Santana, CSS


Discípulos missionários, semeadores do reino da vida!

Neste Artigo Bíblico-Catequético-Missionário refletiremos sobre o Evangelho de São Mateus (13,1-9). No capítulo 13 Jesus ilustra essa prática contando parábolas, cuja mensagem principal é revelar o mistério e a força do Reino agindo como semente que fecunda a vida em meio a projetos em conflitos. Parábola vem do grego parabolê, verbete formado por duas palavras. Uma delas é pará, cujo significado é “ao lado de”, “ao longo de”, “para além de”. A outra é bolê, que vem também do grego que significa “jogar”, “lançar”. Portanto, parábola quer dizer “jogar para além de”, “lançar ao longo de”. A parábola sinaliza algo além, provoca uma busca de algo mais profundo. Parábolas são narrativas alegóricas, figuradas, e querem transmitir uma mensagem. Conduzem-nos para além da imagem, para realidades mais profundas. As parábolas são, em Mateus, um meio eficaz de catequese eclesial. Compreendida a etimologia (origem) da palavra, vamos ao texto. Primeiramente, a Parábola do Semeador é introdutória das outras seis parábolas a seguir, e todas têm a finalidade de falar do Reino de Deus, com uma metodologia bastante simples, a partir da natureza. O centro da explicação do texto está na contraposição entre, quem não a compreende (a multidão) e quem a compreende (os discípulos). A comunidade de Mateus quer encorajar os discípulos diante das perseguições e mortes. A comunidade está preocupada com os cristãos desanimados, preguiçosos e descomprometidos com o Reino. O texto mostra que em três casos não se consegue o resultado satisfatório da semente plantada (missão/palavra/compromisso). Nota-se que quatro versículos são dedicados ao fracasso da missão. Portanto, não obstante o repetido insucesso, existe uma semente que produz fruto em abundância. A parábola quer nos assegurar que haverá frutos, apesar dos grãos perdidos, como no evento da pesca milagrosa: “Pedro disse vou pescar... naquela noite nada pescaram... disse Jesus lançai as redes mais uma vez...” (Mt 21,3ss). Aqui podemos compreender que o Reino vai acontecer, porque é de Deus. A nossa missão é semear a palavra, quem colhe os frutos é o Senhor: “Eis que o semeador saiu para semear” (Mt,13,4), mas não diz que ele voltou pra colher. Por isso, como semeadores da vida, do amor, da justiça e da misericórdia, não devemos desanimar nos obstáculos, pois os obstáculos, com a fé, conseguimos superá-los, especialmente com a força e unidade da comunidade de fé. Somos discípulos/missionários com o vigor que nos advém da palavra de Deus, com a força do Senhor da vida. Coragem! 

Para refletirmos: Diante de tudo que refletimos, superar este tempo presente, de pandemia, marcado pelo sofrimento do povo com a crise social, política, econômica e sanitária, devemos entendê-lo também, como tempo de esperança. Dificuldade, para semear o Reino, em todos os níveis, especialmente para catequizar e fazer-se próximo. Como superar? Como semear? Como reanimar- -se na estrada da vida? Como consolar-se e consolar as pessoas feridas, machucadas pela perda de entes queridos?

Pe. Aparecido Neres Santana - Assessor Eclesiástico da Comissão AB-C Diocese de Santos/SP.