“Felizes os que são pobres
no espírito porque deles
é o Reino dos Céus”
Neste Artigo Bíblico-Catequético-Missionário,
inspirados no Evangelho da Solenidade de Todos os Santos, refletiremos as Bem-
-aventuranças no Evangelho segundo Mateus 5, 1-12a. Todas as pessoas são
chamadas à santidade, a fim de serem bem-aventuradas: "Sede santos, porque
eu, Javé vosso Deus, sou santo" (Lv 19,2). A comunidade de Mateus faria
uma releitura desse chamado da seguinte forma: "Sede perfeitos, como o Pai
celeste é perfeito" (Mt 5,48). Antes de Mateus apresentar as oito
Bem-Aventuranças, como caminho de santidade para a comunidade dos crentes,
Jesus sobe ao monte. A referência a “subir ao monte” faz paralelo com Moisés,
que escreveu as palavras da Lei, no Monte Sinai: “Moisés escreveu nas tábuas as
palavras da Aliança, as dez palavras” (Êx 34,28). Jesus é apresentado como o
“novo Moisés”. As Bem-Aventuranças não são simplesmente um catálago moralista,
mas orientações concretas que inserem em um processo eclesial, pela procura de
uma fé autêntica e não redutiva a rituais de pureza, como era alicerçada a Lei
Judaica. O ponto alto das Bem-Aventuranças está no início, isto é, na primeira
Bem-Aventurança; e na oitava - que é a Justiça e o Reino dos Céus -, até porque
a última apresenta um sentido escatológico, diferenciada das demais. Talvez a
primeira Bem-Aventurança dá seguimento às demais no sentido orientativo da
comunidade de Mateus: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o
Reino do Céus”, (Mt 5,3). Provavelmente, os “pobres em espírito” seja uma
preocupação, de fato, com os pobres que assumem o projeto dos poderosos, isto
é, são pobres na vida concreta, mas com o coração e a mente impregnados com o
espírito de riqueza. A chamada de atenção é para viver com o espírito do
próprio Deus. Podemos perceber, ainda, que as Bem-Aventuranças remetem ao
discurso inaugural de Jesus, quando Ele apresenta o seu “Projeto de Vida” no
Evangelho de Lucas, onde os pobres, humildes e oprimidos são postos no centro,
como o ano da graça do Senhor (cf. Lc 4, 16ss). As Bem-Aventuranças são a
felicitação a todos os discípulos que levam adiante a construção do Reino a
partir dos pobres, mansos, aflitos, os que têm sede de justiça, os
misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz e os que são
perseguidos por causa da justiça. Finalmente, a última Bem-Aventurança está no
contexto de perseguição do Império Romano aos cristãos. Por isso, ela apresenta
um significado consolador aos discípulos perseguidos.
PE.
APARECIDO NERES SANTANA - ASSESSOR ECLESIÁSTICO DA COMISSÃO AB-C