quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Artigo Bíblico-Catequético de Janeiro de 2021 do Ano-B do Evangelista Marcos (no contexto do Ano de São José)

 

 A VIDA SE MANIFESTOU. NÓS A VIMOS E DELA DAMOS TESTEMUNHO!” (1 JOÃO 1,2)


Neste primeiro Artigo Bíblico-Catequético de 2021 do Ano-B do Evangelista Marcos (no contexto do Ano de São José), refletiremos o 3º Domingo do Tempo Comum, (São João 1,35-42). O centro do nosso texto é pura Cristologia! O discípulo é aquele que acolhe o testemunho, segue, vem, vê, permanece e por sua vez também se torna testemunha. Pode-se dizer que, João, aproveita as suas recordações a respeito da vocação dos primeiros discípulos para evidenciar quem é Jesus. De fato, como se podemos ver numa primeira leitura, esta perícope referente aos discípulos, é permeada de títulos Cristológicos, como: Cordeiro de Deus (Jo 1,36); Rabi (Jo 1,38); Messias ou Cristo (Jo 1,41); Aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas (Jo 1,45); Filho de Deus (Jo 1,49); Rei de Israel (Jo 1,49); Filho do Homem (Jo, 1,51). Como vemos, a Cristologia dos primeiros cristãos, não começa com reflexões teóricas, mas com nomes e títulos que exprimem o carinho, o comprometimento e o amor, com que a comunidade de João, vai revelando quem é Jesus. A narração contém dois quadros. No primeiro, (vv. 35-42), o evangelista apresenta dois discípulos que passam do Batista para Jesus. No segundo,  (vv. 43-45), vemos dois discípulos sendo chamado pelo próprio Jesus. Nos dois casos percebe-se que o encontro com Jesus tem algo de contagiante. Portanto, não conseguimos conhecer, encontrarmo-se com Jesus, simplesmente de uma forma teórica, com repetições de fórmulas, ou balbuciando a palavra ao vento. Para conhecê-lo, precisamos procurá-lo, como aqui demonstrado, nesta primeira fala de Jesus na perícope: – “Jesus  voltou-se e, vendo que eles o seguiam, disse-lhes: ‘Que estais procurando’”? (Jo 1,38). A busca do discípulo, por Jesus, mostra que ao buscá-lo, o discípulo discípulo encontra-se consigo mesmo. É um mergulho mistagógico, nas múltiplas realidades da vida. E para isso, tem que seguí-lo, isto é, fazer o Caminho do discipulado, para ver a dor, e o sofrimento, como agora, neste tempo de pandemia, onde percebemos a “necropolítica”, isto é, a valorização da política da morte em detrimento da vida. Permanecer com Ele, é permanecer, na busca da justiça, do amor-ágape, e da misericórdia, na luta pela vida plena. Não basta sentir, olhar, mas têm que sentir e ver, como o Bom Samaritano – “Certo samaritano em viagem, porém, chegou junto dele, viu” e moveu-se de compaixão, cuidou de suas chagas...” (Lc 10, 29ss). O discípulo olha, vê e permanece com ele a noite toda, isto é, por toda vida. Permanecer, é perseverar na busca incansável pelo Reino da Vida.       

    

 

Para refletirmos: Quando André descobriu que Jesus é o Messias, ele gostou tanto do encontro, que partilhou sua experiência com o irmão Simão (Pedro) e deu testemunho: "Encontramos o Messias!" Em seguida, conduziu o irmão até Jesus. Encontrar, experimentar, partilhar, testemunhar, conduzir até Jesus! É assim que a Boa Nova se espalha pelo mundo, até hoje! A Comunidade que vive o Processo de Iniciação à Vida Cristã, realiza este encontro com Jesus, que produz mudanças profundas na vida de todos. Sua Comunidade está vivenciando este Processo de Iniciação à Vida Cristã?

 

 

Padre Aparecido Neres Santana, CSS – Assessor Eclesiástico da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

O Ano de São José: um presente para toda a Igreja.

A convocação do "Ano de São José" nasce do coração paternal de Francisco, que deseja chegar ao coração de todos os católicos, convidando cada um a conhecer melhor o pai adotivo do Senhor e a sua importância no plano salvífico de Deus.

Bruno Franguelli, sj


Em comemoração aos 150 anos da proclamação de São José como guardião universal da Igreja, pelo Papa Pio IX, o Papa Francisco acaba de dar um grande presente à Igreja, o “Ano de São José” através da Carta Apostólica Patris Corde “Coração de Pai”. Esta Carta, como o próprio título sugere, é cheia de afeto. Nasce do coração paternal de Francisco, que deseja, por meio dela, chegar ao coração de todos os católicos, convidando cada um a conhecer melhor o pai adotivo do Senhor e a sua importância no plano salvífico de Deus.


A Tradição Cristã sempre teve uma especial atenção à importância do sim de Maria, mas nem sempre reconheceu com a mesma consciência a importância do sim de José, o carpinteiro de Nazaré, a quem Maria estava prometida em casamento. Foi crucial a aceitação de José para que o plano da Salvação de Deus pudesse ser realizado. A Sagrada Escritura não esconde as dificuldades pessoais que São José precisou enfrentar ao receber o anúncio de que sua futura esposa, sem ter contato com homem algum, estava grávida.


O Evangelho dá a José o título de justo (Mt 1,19), termo raríssimo e concedido a pouquíssimos personagens na Sagrada Escritura. Justamente porque equivale a palavra santo que, no Antigo Testamento, é um atributo reservado somente a Deus (Ecle 7,20). Isso revela muito sobre a integridade, os valores e a santidade de vida de José. Era um homem fiel a Lei, observador dos mandamentos e preceitos da Torah. Por isso, com sua obediência a Deus, escuta a voz do anjo e não teme em aceitar Maria como esposa e assumir o Filho de Deus como seu próprio filho.


A vida de São José e de Maria não será nada fácil. Terão de enfrentar as dificuldades das mais diversas. Eram pobres. O termo que conceitua a profissão de José em grego é tekton que não significa simplesmente carpinteiro, mas aquele que constrói, uma espécie de artesão. José, na verdade era um artista. Ganhava pouco e, como muitos pais de família, viveu a angústia de não poder dar conforto e segurança aos seus. Esta tristeza José sentiu na pele, principalmente quando viu sua esposa dando à luz em lugar paupérrimo, no frio e na miséria. Sabemos que as dificuldades de José não terminaram na gruta de Belém. Imediatamente após o nascimento de Jesus, obedeceu ao anjo e conduziu sua família ao Egito para proteger o recém-nascido das ambições perversas de Herodes. Assim, tornaram-se migrantes. Podemos imaginar o pobre José, buscando um emprego, tentando oferecer o mínimo para sua família nas terras estrangeiras do Egito.


 O Papa Francisco, lembra em sua Carta Patris Corde de tantos pais que, infelizmente, não conseguem oferecer nem mesmo o básico aos seus filhos. José retorna a Nazaré e lá, ensina o menino Jesus a trabalhar, a entender a dura realidade da vida, será um pai presente. A carta do Papa também traz uma belíssima constatação. O fato de Jesus ser tão respeitoso com as mulheres, homem de oração e próximo aos mais sofredores, pode nos revelar tanto da figura do pai que teve, com quem aprendeu tudo isso. Às vezes imaginamos Jesus como se já tivesse nascido pronto. Mas, na verdade, a própria Escritura revela que Jesus teve de aprender gradualmente. O episódio do encontro de Jesus aos doze anos no Templo de Jerusalém nos revela que ele retornou a Nazaré e era obediente ao Pai e a Mãe. E ainda nos revela que ele crescia em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens (cf. Lc 2,52). Assim, José, a partir de sua própria obediência a Deus, e na escuta atenta de Deus, cria o filho. Obediência que se dá na acolhida, no acompanhamento.


José é um pai presente. O papa recorda da carência que temos de esposos e pais como José. Ele não compreendeu tudo. Ele acolheu tudo. José não se impôs na vida do filho, mas ele acompanhou a Jesus na escolha de seu próprio caminho. E assim, a figura de São José se oculta e não temos mais informações sobre ele na Bíblia. Mas o pouco que temos já nos é suficiente para reconhecer a sua importância impar na vida de Jesus e no plano da Salvação. O Papa Pio IX, então, ao declarar São José patrono universal da Igreja, estava dizendo que assim como o guardião da família de Nazaré foi capaz de proteger o Filho de Deus, também segue protegendo a Igreja que é extensão do Corpo Místico de Cristo.


A missão de José no escondimento e na missão oculta tem tanto a dizer aos homens de hoje. O Papa Francisco recorda de tantos homens e mulheres que, de maneira especial, durante a pandemia, arriscam suas vidas para cuidar e proteger as pessoas vítimas desta enfermidade. A Carta Apostólica Patris Corde e o Ano de São José são um convite a cada um de nós para conhecer e imitar aquele homem justo e santo, que mesmo sem compreender tudo, acolheu tudo.


Salve, guardião do Redentor

e esposo da Virgem Maria!

A vós, Deus confiou o seu Filho;

em vós, Maria depositou a sua confiança;

convosco, Cristo tornou-Se homem.


Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós

e guiai-nos no caminho da vida.

Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,

e defendei-nos de todo o mal. Amém.


Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2020-12/ano-de-sao-jose-presente-para-toda-igreja.html


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Artigo de Dezembro Biblíco-Catequético - Padre Aparecido Neres Santana, CSS

 

"JOÃO NÃO ERA A LUZ! VEIO APENAS PARA DAR TESTEMUNHO DA LUZ!"Iniciamos o Novo Ano Litúrgico, com o Evangelista São Marcos, Ano B. Em nosso Artigo Bíblico-Catequético, refletiremos a passagem do Evangelho de São João (1,6-8.19-28).  O terceiro Domingo do Advento é o Domingo da Alegria “Domingo Gaudete”, um tempo de espera operante, em que todos são chamados a viver a alegria da proximidade do nascimento do Verbo, que assumiu a nossa humanidade. Mas teríamos motivos para nos alegrar? Com a pandemia? Com politicagem? Com desdenho sobre a vida? Neste tempo tão marcado por provações, somos convocados a testemunhar a alegria da fé em Jesus Cristo. Sim, talvez sua família tenha passado pela tumultuada estrada da pandemia, marcada pela dor e morte! Mas não obstante a essa realidade, não podemos perder a espiritualidade da alegria, que transforma a dor, o sofrimento e a tristeza, em alegria e esperança na vida que vence a morte aqui e agora. A centralidade do texto, é justamente a figura de João Batista, portanto o seu Testemunho. Dê inicio o Evangelista já diz: “Ele (João) não era a luz, mas veio dar testemunho da luz” (Jo, 1,8). A figura de João é tão importante que o Evangelista João, o coloca no Prólogo de seu Evangelho, e o apresenta como a testemunha central de Jesus de Nazaré. Na concepção da comunidade joanina da fé, o testemunho é essencial. Chama a atenção a firmação enérgica de João Batista dizendo que ele próprio, não é o Messias, nem Elias, nem o profeta. A citação de Elias aponta que em Jesus se cumpriram todas as esperanças do Primeiro Testamento.  O testemunho dele é tão importanto, que muita gente chegou a pensar que ele, João, fosse  o Cristo (Messias). Por isso, o Prólogo esclarece dizendo: “João não era a luz, veio apenas para dar testemunho da luz”  (Jo 1,8). Neste início do Evangelho de João, percebe-se que o interesse é cristológico. O Batista é aquele que vê e entende quem é Jesus, o anuncia a quem não viu e compreende, e suscita discípulos para o Cristo. Aqui supõe um ver, mas não um ver físico (como o dos judeus que viram, mas não enxergaram), mas o ver que sabe perceber a presença de Deus em Jesus e no irmão, como  no Evangelho de São Mateus capítulo 25, 31ss.     

 

 

 

 

Para refletirmos: Ele não é o Cristo nem o profeta, mas apenas uma voz conclamando as pessoas a se prepararem para a vinda de Cristo. É aqui que a missão de João tem a ver conosco, hoje, ao nos prepararmos para o Natal, como Discípulos/as Missionários/as, Evangelizadores/as e Catequistas: estamos preparando o caminho, para remover todos os obstáculos que impedem, a chegada da  ação de Cristo em nossas vidas, para vivermos um Santo Natal? Estamos preparando o caminho para a Iniciação à Vida Cristã de Inspiração Catecumenal, como pede a Igreja?

 

 

Em nome de toda a Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da Diocese de Santos, desejo a todos vocês Discípulos Missionários: Evangelizadores e Catequistas, um Santo Natal marcado pelo reencontro com Jesus que se fez um de nós para trazer dignidade e dar sentido à vida de todos.

Este ano 2020 não foi fácil, passamos por tantas tribulações e perdas

por conta do COVID19.

Força e coragem com fé em Deus, o novo ano que se inicia

 seja abençoado e iluminado pelo Deus da Vida.

UM FELIZ E SANTO NATAL!

 

Padre Aparecido Neres Santana, CSS – Assessor Eclesiástico da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética.