César de Bus, personagem marcante da
segunda metade do século XVI, foi sem dúvida um homem especialmente escolhido
por Deus. Ao ser solenemente proclamado Bem-aventurado pelo Papa Paulo VI no
dia 27 de abril do Ano Santo de 1975, toda a Igreja passou a ter esse servidor
de Deus como exemplo, guia e patrono dos catequistas.
Sua história tem início no dia 03 de
fevereiro de 1544, um domingo, quando, logo após ter nascido, foi batizado na
Catedral de sua cidade, Cavaillon, no sul da França. Filho de Jean Baptiste e
de Anne de Marc, era o sétimo de uma família com treze filhos. Cresceu em uma
família cristã e praticante. Bem cedo aprendeu a conhecer e a amar a Deus e sua
índole jovial e dócil deixava entrever uma propensão quase natural ao
religioso.
Apaixonado pela literatura, gostava de
escrever peças teatrais e de encená-las com os amigos. Seduzido pelos encantos
da corte de Paris, teve também seus períodos de crise religiosa. Mas apesar de
tudo, nunca teve um comportamento maldoso.
Conversão e Missão
A conversão de César foi marcada por um
progressivo e amadurecido caminho que o levou de uma vida sem graça e mundana
para uma vida de santidade e compromisso apostólico.
O Ano Santo de 1575 foi o ápice desse
caminho de conversão, que contou com a dedicação de pessoas simples, humildes e
de grande fé: a analfabeta e dama de companhia de sua mãe, Antonieta
Reveillarde e o sacristão da Catedral de Cavaillon, Luís Guyot.
Após viver alguns anos em austera
penitência, peregrinações, fervorosas orações, estudo e reflexões sobre a
Palavra de Deus, César foi incentivado pelo seu diretor espiritual, Pe. Péquet,
a retomar seus estudos e se encaminhou decididamente para a vida sacerdotal.
Num domingo de agosto de 1581, César de
Bus foi ordenado padre pelo bispo de Cavaillon e se consagrou principalmente ao
anúncio da Palavra de Deus. Seu jeito de se expressar atraiu em pouco tempo
toda a população, de modo que às vezes era obrigado a fazer sua pregação na
praça. Usando um ensino simples, ele queria que cada vez mais pessoas pudessem
se converter ao Deus que ama e perdoa. Além das pregações dominicais feitas na
Catedral, por iniciativa própria, começou também a dar o catecismo às crianças.
Eremitério de São Tiago
em Cavaillon - França
Retiro frutuoso
Entre 1586 e 1588 César retirou-se para
uma pequena capela, dedicada a São Tiago Apóstolo, localizada em cima da colina
que margeia a cidade de Cavaillon. Ali ele se dedicou à oração e ao seu
apostolado preferido, o anúncio e explicação da Palavra de Deus, percorrendo os
sítios e vilarejos para ensinar a doutrina cristã (o catecismo).
Aproveitando a paz deste heremitério,
pôde se dedicar mais intensamente ao conhecimento e aprofundamento do
“Catecismo Romano”. Este estudo marcou não só a sua ação catequística, como
também a composição da sua obra de catequese iniciada nesse período, isto é, a
“Instructions familières” (“Instruções familiares”).
O compromisso catequético de César de
Bus em favor das crianças e dos pobres, marcado por um seu novo método
pedagógico, foi, aos poucos, atraindo e sendo partilhado por admiradores tanto
padres, quanto leigos. Foi-se amadurecendo, então, a idéia de dar vida a uma
Congregação de padres e leigos, reunidos em vida comum, que trabalhassem em
unidade de método e de espírito.
E assim aconteceu que no dia 29 de
setembro de 1592, festa de São Miguel Arcanjo, em Isle-sur-Sorgue, cidadezinha
a uns 10 Km de Cavaillon, César de Bus reuniu alguns padres e com eles deu
início à Congregação dos Padres da Doutrina Cristã. Nascia uma Família
Religiosa que pretendia unir a perfeição de vida ao exercício de ensinar a
doutrina cristã e a todos os outros árduos trabalhos necessários para a
salvação do próximo.
Duas vezes Páscoa
A partir de 1594, César vivenciou a
experiência da cegueira. Apesar da perda crescente da visão, que muito o
limitou, ele não cessou suas atividades: rezava com os que se aproximavam dele,
fazia suas obrigações, continuou a pregar e a acolher os pecadores no
confessionário.
Ao final de sua longa doença, César
falava com freqüência da sua “Páscoa”, isto é, da sua morte que se aproximava.
Ele tinha previsto o dia: “Coragem! Eis que está chegando a Páscoa: é o dia da
grande passagem. É preciso partir com alegria... Está sendo preparada para mim
uma grande festa, pois hoje é a vigília e amanha é Páscoa. Para mim será duas
vezes Páscoa, isto é, a passagem do Senhor e a minha para junto dele”.
No alvorecer da manhã de Páscoa, 15 de
abril de 1607, terminou sua missão na terra para entrar no Reino à espera da
Ressurreição.
Novidade atual
A atraente e eficaz novidade que César
de Bus vivia como catequista e pastor, era o seu compromisso de falar, sempre,
de modo simples e familiar, usando abundantemente a Palavra de Deus, além de
conceitos e situações concretas para exemplificá-las. O que ele mais queria
através de sua catequese era ensinar a ser bom cristão, não só
intelectualmente, mas através da conversão e do seguimento convicto de Jesus
Cristo.
Fonte: Doutrinários
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