Cidade do Vaticano
(RV) – O Papa Francisco presidiu, na noite deste sábado santo, na Basílica
Vaticana, à solene Vigília pascal, que contou com a participação de numerosos
fiéis, provenientes de diversas partes do mundo.
Após o rito
preparatório, da bênção do fogo e do solene anúncio pascal, o Santo Padre fez
sua homilia, partindo, precisamente, do Evangelho da ressurreição de Jesus,
referindo-se, de modo particular, às mulheres que foram ao sepulcro, na manhã
seguinte.
Elas queriam honrar o
corpo do Senhor, mas encontram o túmulo aberto e vazio. Mas, um anjo do Senhor
lhes disse: «Não tenham medo! Ele ressuscitou dos mortos». E ao saírem de lá,
se encontraram com o próprio Jesus, que lhes disse: «Vão anunciar aos meus irmãos,
que me verão na Galileia».
Depois da morte de
Jesus, os discípulos se dispersaram; tudo parecia ter acabado; as certezas e as
esperanças, enfraquecidas. Mas, o incrível anúncio das mulheres brotou como um
raio de luz na escuridão. A notícia se espalhou: Jesus ressuscitou!
O Anjo do Senhor e o
próprio Jesus pediram às mulheres para avisar aos discípulos para irem à
Galileia. Por que a Galiléia?
E o Papa explicou:
“A Galileia é o lugar
da primeira chamada, onde tudo começou! Trata-se de voltar para lá, ao lugar da
primeira chamada. Jesus havia passado pelas margens do lago, enquanto os
pescadores consertavam as redes. Ele os chamou e, deixando tudo, o seguiram.
Voltar à Galileia significa reler tudo, a partir da cruz e da vitória: a
pregação, os milagres, a nova comunidade, o entusiasmo e até a traição, a
partir do supremo ato de amor”.
Cada um de nós também
tem uma Galileia, o lugar da redescoberta do nosso Batismo, a fonte viva, de
onde encontramos a energia e a da raiz da nossa fé e da nossa experiência
cristã. Galileia significa retorno à Graça de Deus, que nos toca no início do
caminho da nossa vida cristã: a experiência do encontro pessoal com Jesus, que
nos chama a segui-lo e a participar da sua missão.
Por fim, o Bispo de
Roma convidou os fiéis presentes a se perguntarem: qual é a nossa Galileia,
onde reencontrar nosso Senhor e deixar-se abraçar pela sua misericórdia?
O Evangelho da Páscoa
é claro: é preciso voltar à Galileia para nos encontrarmos com Jesus
ressuscitado e nos tornarmos suas testemunhas. A Galileia dos gentios é o
horizonte do Ressuscitado, o horizonte da Igreja, o intenso desejo de encontrar
o Senhor! (MT)
fonte: Rádio Vaticano
Sábado de Aleluia? História de um nome equivocado.

Os cristãos, desde suas mais remontas
origens, celebram a Páscoa (paixão, morte e ressurreição de Jesus) uma vez por
semana. O domingo é o dia semanal da Páscoa dos cristãos.
A partir do século II, as Igrejas
cristãs passaram a celebrar a Páscoa também uma vez por ano, então com um
destaque todo especial, a saber, mediante um tríduo sagrado, isto é, em três
dias sucessivos:
No 1o dia
(sexta-feira, cujo início já se dá a partir do anoitecer da quinta-feira),
celebram todo o sofrimento do Senhor e sua morte na cruz.
No 2o dia (sábado,
cujo início já se dá a partir ao anoitecer da sexta-feira), celebram o
mistério do corpo do Senhor na sepultura, sua presença na região dos
mortos.
No 3o dia (domingo,
cujo início já se dá ao anoitecer de sábado), celebram a ressurreição do Senhor
dentre os mortos, mediante uma solene vigília pascal.
O sábado, portanto, segundo dia do
tríduo pascal – que a Igreja chama de “sábado santo” –, celebra o repouso de
Jesus no sepulcro, bem como sua descida ao mundo da morte, onde ele anuncia a
libertação dos grilhões da morte a todos que esperavam pelo momento em que as
portas do céu deviam se abrir, como ensina o apóstolo Pedro (1Pd 3,19-20; 4,6).
É um dia de silêncio, de continuação do jejum, de recolhimento na paz e na
espera. Sem festa, portanto. Sem “aleluia”! Mas, então, por que chamam esse dia
de “sábado de aleluia”?
É que lá pelo século VII, anteciparam a
celebração da Vigília pascal da noite do sábado (já início do domingo, portanto!)
para às 14h00 do sábado (sábado mesmo!). Posteriormente, a partir do século
XVI, vemos a Vigília antecipada para mais cedo ainda, para as 9h00 da manhã do
sábado. E veja que coisa estranha! Em plena manhã de sol, em pleno dia, o
diácono cantava diante do círio pascal as “maravilhas desta noite santa” (às
9h00 da manhã!)! E em seguida, antes da proclamação do Evangelho, irrompia o
solene canto pascal de “aleluia”. Daí que, equivocadamente, a linguagem popular
passou a chamar esse dia (sábado santo) de “sábado de aleluia”. Por causa do
canto de aleluia da “Vigília” antecipado para manhã do sábado, deturpando assim
o mais original e tradicional sentido deste santo dia.
Essa prática vigorou até 1955, quando
o papa Pio XII reformou o tríduo pascal e, posteriormente, a reforma do
Concílio Vaticano II o confirmou, ou seja: Resgatou-se a Vigília pascal para o
sábado santo à noite (=início do domingo), como era o costume dos primeiros
séculos. E o sábado todo (da noite de sexta até à noite do dia seguinte) volta
a ser considerado como dia da sepultura, dia do silêncio, dia de recolhimento,
dia de luto, dia vazio, sem nenhuma celebração litúrgica (com exceção da Oração
matutina da Liturgia das Horas) e sem “aleluia”.
Agora, veja que coisa interessante! O sentido
original do sábado santo foi oficialmente resgatado, mas o equivocado nome de
“sábado de aleluia” continua ainda agarrado no inconsciente coletivo ocidental
e verbalizado, sobretudo, por ocasião da semana santa. Até quando?...
Bibliografia
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E. O segundo dia do tríduo pascal: o sábado santo. In: BOROBIO D. A celebração na Igreja 3: Ritmos e tempos
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Igreja em oração. Introdução à Liturgia IV: A Liturgia e o Tempo.
Petrópolis: Vozes, 1992, p. 59-60.
NOCENT,
A. O Sábado Santo. In: VV.AA. O ano
litúrgico. História. Teologia. Celebração.São Paulo: Paulinas, 1991, p.
108. (Anámnesis 5).
Frei
José Ariovaldo da Silva, ofm
Teólogo liturgistaFonte: CNBB
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