“A VIDA
SE MANIFESTOU. NÓS A VIMOS E DELA DAMOS TESTEMUNHO!” (1 JOÃO 1,2)
Neste primeiro Artigo Bíblico-Catequético
de 2021 do Ano-B do Evangelista Marcos (no contexto do Ano de São José),
refletiremos o 3º Domingo do Tempo Comum, (São João 1,35-42). O centro do nosso
texto é pura Cristologia! O discípulo é aquele que acolhe o testemunho, segue,
vem, vê, permanece e por sua vez também se torna testemunha. Pode-se dizer que,
João, aproveita as suas recordações a respeito da vocação dos primeiros
discípulos para evidenciar quem é Jesus. De fato, como se podemos ver numa
primeira leitura, esta perícope referente aos discípulos, é permeada de títulos
Cristológicos, como: Cordeiro de Deus
(Jo 1,36); Rabi (Jo 1,38); Messias ou Cristo (Jo 1,41); Aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e
os Profetas (Jo 1,45); Filho de Deus
(Jo 1,49); Rei de Israel (Jo 1,49); Filho do Homem (Jo, 1,51). Como vemos, a
Cristologia dos primeiros cristãos, não começa com reflexões teóricas, mas com
nomes e títulos que exprimem o carinho, o comprometimento e o amor, com que a
comunidade de João, vai revelando quem é Jesus. A narração contém dois quadros.
No primeiro, (vv. 35-42), o evangelista apresenta dois discípulos que passam do
Batista para Jesus. No segundo, (vv.
43-45), vemos dois discípulos sendo chamado pelo próprio Jesus. Nos dois casos
percebe-se que o encontro com Jesus tem algo de contagiante. Portanto, não
conseguimos conhecer, encontrarmo-se com Jesus, simplesmente de uma forma
teórica, com repetições de fórmulas, ou balbuciando a palavra ao vento. Para conhecê-lo,
precisamos procurá-lo, como aqui demonstrado, nesta primeira fala de Jesus na
perícope: – “Jesus voltou-se e, vendo que eles o seguiam,
disse-lhes: ‘Que estais procurando’”? (Jo 1,38). A busca do discípulo, por
Jesus, mostra que ao buscá-lo, o discípulo discípulo encontra-se consigo mesmo.
É um mergulho mistagógico, nas múltiplas realidades da vida. E para isso, tem
que seguí-lo, isto é, fazer o Caminho do discipulado, para ver a dor, e o
sofrimento, como agora, neste tempo de pandemia, onde percebemos a
“necropolítica”, isto é, a valorização da política da morte em detrimento da
vida. Permanecer com Ele, é permanecer, na busca da justiça, do amor-ágape, e da
misericórdia, na luta pela vida plena. Não basta sentir, olhar, mas têm que
sentir e ver, como o Bom Samaritano – “Certo
samaritano em viagem, porém, chegou junto dele, viu” e moveu-se de compaixão,
cuidou de suas chagas...” (Lc 10, 29ss). O discípulo olha, vê e permanece
com ele a noite toda, isto é, por toda vida. Permanecer, é perseverar na busca
incansável pelo Reino da Vida.
Para refletirmos: Quando André descobriu que Jesus é o
Messias, ele gostou tanto do encontro, que partilhou sua experiência com o
irmão Simão (Pedro) e deu testemunho: "Encontramos
o Messias!" Em seguida, conduziu o irmão até Jesus. Encontrar,
experimentar, partilhar, testemunhar, conduzir até Jesus! É assim que a Boa Nova se espalha
pelo mundo, até hoje! A Comunidade que vive o Processo de Iniciação à Vida
Cristã, realiza este encontro com Jesus, que produz mudanças profundas na vida
de todos. Sua Comunidade está vivenciando este Processo de Iniciação à Vida
Cristã?
Padre Aparecido Neres Santana, CSS – Assessor Eclesiástico da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética.