segunda-feira, 20 de julho de 2015

O fio condutor

No exercício cotidiano da vida dos cristãos existe uma marca, que é fundamental e identifica o caminho percorrido, e aqui chamo de fio condutor, que é Jesus Cristo. O importante é fazer como Jesus fez, tendo como fundo principal, a construção de um projeto de vida, de dignidade e de esperança. Esse “fio” é o bem comum, aberto a todas as pessoas e acima de qualquer discriminação.

Sendo Jesus o fio condutor, Ele enxergou a carência do povo de seu tempo e entendeu que estava como ovelha sem pastor. Faltavam guias que lhe dessem segurança e confiança no futuro. Foi o motivo da escolha e do envio dos discípulos. Eles tiveram com objetivo orientar as pessoas no caminho do bem. Os apóstolos e discípulos foram importantes lideranças para conduzir os destinos das comunidades.

O profeta Jeremias critica a atitude dos maus pastores que, em vez de cuidar das ovelhas, deixavam-nas perecer. Esses maus pastores não deixavam as ovelhas desfrutar da segurança, da justiça e da paz. Mas muitos fatos como esse se repetem na história do nosso país, confirmando a prática das injustas, e eminentemente exploradoras, tornando-se caminho de exclusão.

É importante dar-se conta de que Deus age e condena a má conduta dos pastores iníquos. A cultura brasileira tem marcas profundas de pastores despreocupados com os objetivos de sua missão. Na figura dos pastores de Israel, temos hoje líderes religiosos, políticos e lideranças diversas que têm a mesma conduta.

“O Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Sl 23,1). O pastor é aquele que proporciona estabilidade, segurança e serenidade para as ovelhas. É a missão de todos que têm autoridade, de fazer a sociedade e o mundo serem melhores. Não realizando isso, estão ocupando um espaço injustamente e de forma desonesta.

O profeta Jeremias tem uma palavra adequada para os pastores que não agem como “fio condutor”: “Ai de vós, pastores, que dispersam e destroem as ovelhas” (Jer 23,1). Ai dos dirigentes que enganam o povo, administram em proveito próprio e não levam em conta a justiça social.

Dom Paulo Mendes Peixoto


Arcebispo de Uberaba.

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