sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Artigo de Dezembro de 2014 - Pe. Luís Gonzaga Bolinelli



Anunciar a Palavra de Deus que mora entre nós

Quando falamos de Natal, logo nos vem em mente a ternura e a singeleza do Menino Jesus com Maria e José no Presépio. Essa bela imagem que idealizamos a partir dos relatos dos Evangelhos, com certeza nos leva a refletir sobre aquela verdade fundamental da nossa fé: Deus se fez homem em Jesus de Nazaré!
Para um cristão consciente, que tem sua fé mais amadurecida, graças a uma sólida catequese, essa imagem do Presépio tem um significado muito mais profundo. De fato, estamos diante do grande Mistério da Encarnação, isto é, diante do próprio Deus, que por causa de seu infinito e misericordioso amor por nós, fez questão de se rebaixar até assumir a natureza humana, em seus aspectos mais simples e humildes. Assim, festejar o Natal é celebrar o Deus que quis se identificar conosco em nossas mais variadas situações de vida, principalmente solidarizando-se com os mais fracos, desprotegidos e descartados... Aquele que é perfeito e todo-poderoso, em Jesus, se torna limitado, fraco, dependente, necessitado do auxílio e compreensão dos outros...
Para muitos, é bem mais simples e cômodo acreditar num Deus invisível e todo-poderoso, que está lá em cima no céu, sentado no seu trono, agindo com justiça, mas cheio de misericórdia por nós pecadores. Mesmo isso tudo sendo verdade, a celebração do Mistério da Encarnação deveria nos questionar muito para darmos um sentido mais profundo e verdadeiro para a nossa fé cristã, que deve ser sempre marcada pela acolhida e solidariedade com os mais necessitados.
Quando o Papa Francisco diz desejar uma Igreja pobre para os pobres, está querendo deixar bem claro quais são as consequências da acolhida de Jesus Cristo em nossas vidas. No seu documento sobre a Alegria do Evangelho (EG) ele diz: “Deriva da nossa fé em Cristo, que Se fez pobre e sempre Se aproximou dos pobres e marginalizados, a preocupação pelo desenvolvimento integral dos mais abandonados da sociedade. Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo. (...) Ficar surdo a este clamor, quando somos os instrumentos de Deus para ouvir o pobre, coloca-nos fora da vontade do Pai e do seu projeto.” (EG 186-187).
Por isso é fundamental que em nosso trabalho de evangelização e catequese tenhamos a preocupação constante de estarmos conduzindo nossos catequizandos ao encontro com o verdadeiro Deus que nos foi apresentado por Jesus. Que todo trabalho catequético seja “pé no chão”, isto é, que seja integrador com toda a realidade, que valorize a criação como um todo, que leve à vida comunitária, sem vê-la como contrastante com as demais realidades do mundo, mas como sinal do Reino e lugar de crescimento e celebração da fé no Deus feito homem em Jesus Cristo.
Em nome de toda a Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da Diocese de Santos, desejo a você leitor e evangelizador, e a todos os catequistas um Natal marcado pelo reencontro com Jesus que se fez um de nós para trazer dignidade e dar sentido à vida de todos. Desejo também que cada dia do novo ano que se inicia seja abençoado e iluminado pelo Deus da vida, possibilitando a todos serem autênticos discípulos missionários de Jesus Cristo.

Aprofundamento a partir da Palavra de Deus: Com as Festas Natalinas celebramos o Mistério da Encarnação do Senhor e a Liturgia do dia de Natal nos convoca a refletir sobre o texto bíblico: Jo 1,1-18. Convido você a lê-lo com calma, prestar atenção e responder: O que celebro no Natal? Quais as consequências dessa celebração em minha vida? O que a celebração do Natal tem a ver com meu trabalho de evangelização e catequese?

Pe. Luís Gonzaga Bolinelli – Assistente Eclesiástico da Comissão AB-C

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