Quando falamos de Natal, logo nos vem em mente a
ternura e a singeleza do Menino Jesus com Maria e José no Presépio. Essa bela
imagem que idealizamos a partir dos relatos dos Evangelhos, com certeza nos
leva a refletir sobre aquela verdade fundamental da nossa fé: Deus se fez homem
em Jesus de Nazaré!
Para um cristão consciente, que tem sua fé mais
amadurecida, graças a uma sólida catequese, essa imagem do Presépio tem um
significado muito mais profundo. De fato, estamos diante do grande Mistério da
Encarnação, isto é, diante do próprio Deus, que por causa de seu infinito e
misericordioso amor por nós, fez questão de se rebaixar até assumir a natureza
humana, em seus aspectos mais simples e humildes. Assim, festejar o Natal é
celebrar o Deus que quis se identificar conosco em nossas mais variadas situações
de vida, principalmente solidarizando-se com os mais fracos, desprotegidos e
descartados... Aquele que é perfeito e todo-poderoso, em Jesus, se torna
limitado, fraco, dependente, necessitado do auxílio e compreensão dos outros...
Para muitos, é bem mais simples e cômodo acreditar
num Deus invisível e todo-poderoso, que está lá em cima no céu, sentado no seu
trono, agindo com justiça, mas cheio de misericórdia por nós pecadores. Mesmo
isso tudo sendo verdade, a celebração do Mistério da Encarnação deveria nos
questionar muito para darmos um sentido mais profundo e verdadeiro para a nossa
fé cristã, que deve ser sempre marcada pela acolhida e solidariedade com os
mais necessitados.
Quando o Papa Francisco diz desejar uma Igreja pobre
para os pobres, está querendo deixar bem claro quais são as consequências da
acolhida de Jesus Cristo em nossas vidas. No seu documento sobre a Alegria do
Evangelho (EG) ele diz: “Deriva da
nossa fé em Cristo, que Se fez pobre e sempre Se aproximou dos pobres e
marginalizados, a preocupação pelo desenvolvimento integral dos mais
abandonados da sociedade. Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser
instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que
possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente
atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo. (...) Ficar surdo a este
clamor, quando somos os instrumentos de Deus para ouvir o pobre, coloca-nos
fora da vontade do Pai e do seu projeto.” (EG
186-187).
Por isso é fundamental que em nosso trabalho de
evangelização e catequese tenhamos a preocupação constante de estarmos
conduzindo nossos catequizandos ao encontro com o verdadeiro Deus que nos foi
apresentado por Jesus. Que todo trabalho catequético seja “pé no chão”, isto é,
que seja integrador com toda a realidade, que valorize a criação como um todo,
que leve à vida comunitária, sem vê-la como contrastante com as demais
realidades do mundo, mas como sinal do Reino e lugar de crescimento e
celebração da fé no Deus feito homem em Jesus Cristo.
Em nome de toda a Comissão para a Animação
Bíblico-Catequética da Diocese de Santos, desejo a você leitor e evangelizador,
e a todos os catequistas um Natal marcado pelo reencontro com Jesus que se fez
um de nós para trazer dignidade e dar sentido à vida de todos. Desejo também
que cada dia do novo ano que se inicia seja abençoado e iluminado pelo Deus da
vida, possibilitando a todos serem autênticos discípulos missionários de Jesus
Cristo.
Aprofundamento
a partir da Palavra de Deus: Com as Festas Natalinas
celebramos o Mistério da Encarnação do Senhor e a Liturgia do dia de Natal nos
convoca a refletir sobre o texto bíblico:
Jo 1,1-18. Convido você a lê-lo com
calma, prestar atenção e responder: O que celebro no Natal? Quais as
consequências dessa celebração em minha vida? O que a celebração do Natal tem a
ver com meu trabalho de evangelização e catequese?
Pe. Luís Gonzaga Bolinelli – Assistente
Eclesiástico da Comissão AB-C
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