terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Artigo de Dezembro 2018 - Padre Aparecido Neres Santana


“MAGNIFICA - O CÂNTICO DOS POBRES”



Neste Artigo Bíblico-Catequético, do Ano Litúrgico C, do Evangelista de Lucas, refletiremos o quarto e último Domingo do Advento, Lucas 1,39-45. Desde o início do Advento nos preparamos para celebrar condignamente o Natal, este acontecimento único na história da humanidade, e especialmente para todos os cristãos. O texto está dividido em duas partes bem distintas: A visitação de Maria a Isabel e o cântico do Magnificat. Teologicamente não importa muito para a Comunidade de Lucas, a distância percorrida pôr Maria e o serviço prestado à sua parenta Isabel. Mas, importa bastante o Caminho feito, e o sentido do encontro dessas duas mães e as duas crianças. Isabel e João Batista representam o Primeiro Testamento, a Primeira Aliança, Maria e Jesus o Segundo Testamento, a Segunda Testamento, a Segunda Aliança. A bem da verdade Jesus representa não somente a Nova Aliança, mas toda a Sagrada Escritura, isto é, a única e definitiva Aliança. Ademais, Maria representa, as comunidades, a jovem Igreja, Isabel representa a Sinagoga e as antigas práticas do judaísmo, com os seus 613 normas ou mandamentos. A acolhida que Isabel faz a Maria, é a acolhida, de todos os povos, de todos os tempos, em especial os mais pobres. Isabel acolhe Maria “em alta voz”, como o povo de Deus acolheu a Arca da Aliança, a presença de Deus, com fortes aclamações, “Davi exclamou: “Como poderá vir a mim a arca do Senhor?” (2Sm 6,9).
A segunda parte, O Magnificat, é um cântico de alegria e agradecimento. Esse cântico de Maria inspira-se no cântico de Ana, “O meu coração exulta em Iahweh, a minha força se exalta em meu Deus...” (2Sm 1ss). Lucas mostra o agir de Deus na história do povo. Mostra que o que conta para Deus, são os que levam a frente o projeto de justiça, e não os orgulhosos, os poderosos e ricos, mas os humildes, os famintos, que coincidem com os que confiam plenamente em Deus. Por isso, o Magnificat pode expressar bem a oração dos pobres, que se associam em alegre esperança a Maria de Nazaré, a humilde serva do Senhor.  Na Exortação Apostólica - A Alegria do Evangelho, do Papa Francisco, lemos: “Deriva da nossa fé em Cristo, que Se fez pobre e sempre Se aproximou dos pobres e marginalizados, a preocupação pelo desenvolvimento integral dos mais abandonados da sociedade. Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo. (...) Ficar surdo a este clamor, quando somos os instrumentos de Deus para ouvir o pobre, coloca-nos fora da vontade do Pai e do seu projeto.” (EG 186-187).
        



Para refletirmos: Portanto, todos nós, e toda a Igreja nos encontramos grávidos da presença de Cristo, para dá-lo ao mundo. Esta é a nossa missão de discípulos missionários: de anunciar aos não católicos a presença de Cristo Ressuscitado. Eis aqui o sentido da festa de Natal, que nós celebramos nesta semana. Estamos grávidos de Cristo? Estamos dispostos como discípulos missionários seguidores de Cristo, a mostrar a sua presença ao mundo de hoje?



Pe. Aparecido Neres Santana - Assessor Eclesiástico da Comissão AB-C

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