O missionário se faz próximo do necessitado
Continuamos nossa
reflexão ainda no trilha da missionariedade. Até porque não há outro caminho
para o cristão, a não ser calçar as sandálias, “cingir os rins” (posição e
disposição de discípulo) e “pé na estrada”, conforme Lc 10, 25-37, do 15°
Domingo do Tempo Comum. Nesta parábola do Bom Samaritano - com a pergunta
provocativa do doutor da lei: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a
vida eterna?” - Jesus responde, perguntando sobre a Lei. A resposta é correta:
"Amar a Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua
força e com todo o teu entendimento, e ao próximo como a ti mesmo!"
(10,27). A frase vem do Deuteronômio (Dt 6,5) e do Levítico (19,18). Jesus
aprova a resposta e diz: "Faze isto e viverás!” (10,28). Para justificar-se,
o doutor da lei continua a provocação, perguntado: “E quem é o meu próximo?”
Jesus responde, dando como exemplo, para o doutor da lei, um Samaritano, que
era desprezado em todos os níveis pelas leis judaicas, especialmente na questão
religiosa. Ele vê o homem caído na beira da estrada, chega perto, toca, cuida
das feridas, e o coloca numa pensão, assumindo toda responsabilidade. Não foram
os “religiosos” - o sacerdote e o Levita, que também viram o homem caído, mas
passaram adiante -, que se tornaram próximo. Eles não podiam “se contaminar”,
tinham pressa pra chegar ao Templo. Mas o Samaritano, o desprezado, sentiu
compaixão e ajudou o homem caído. Por isso, ele se fez próximo. O próximo não
está somente ligado à raça, ou ao clã como no Judaísmo. O próximo é sempre o
irmão necessitado como diz o Documento do Vaticano II (1404), onde se lê: “Em
nossos dias, ainda é maior a necessidade de considerar os outros nossos
próximos e servi-los de maneira eficaz, quer se trate de idoso abandonado, do
trabalhador migrante desprezado, dos exilados, das crianças sem família, dos
injustamente perseguidos, dos que passam fome, de todos que nos interpelam a
consciência, lembrando a palavra do Senhor: ‘Todas as vezes que o fizeste a um
de meus irmãos pequeninos, a mim fizeste (Mt 25,40)’”. O próximo é a revelação
de Deus para mim. Conversão pessoal e pastoral:
Qual é a minha atitude, quando
me deparo com meu próximo caído no chão, vítima de uma sociedade
preconceituosa? Será que estou enxergando e tendo a coragem de ir ao encontro,
acolhendo-o como verdadeiro missionário; tocar nas feridas, tanto da sociedade,
como do irmão, sentir o sofrimento ou a dificuldade que o meu próximo está
vivendo?
Pe. Aparecido Neres Santana - Assessor
Eclesiástico da Comissão Ab-C
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