
A meditação foi
inspirada pelo salmo responsorial no qual se repete: «O Senhor é
misericordiosos e grande no amor». É – disse o Pontífice – «uma confissão de
fé» na qual o cristão reconhece que Deus «é misericórdia e grande no amor». Uma
afirmação só aparentemente simples porque «entender a misericórdia de Deus é um
mistério, é um caminho que se deve percorrer durante toda a vida».
Para ajudar a penetrar
melhor no mistério, o Papa citou a leitura tirada do livro do profeta Isaías
(41, 13-20), na qual se encontra o monólogo de Deus que se dirige ao seu povo.
E lê-se como se ele tivesse dito «ao seu povo que o escolheu não porque era
grande ou poderoso» mas, «porque era o menor de todos, o mais miserável de
todos». Deus, explicou Francisco, apaixonou-se precisamente por «esta miséria»,
por esta «pequenez».
É um texto do qual
emerge claramente este amor: «um amor terno, como o do pai ou da mãe», quando
se dirigem ao filho «que acorda de madrugada assustado por um sonho». Com a
mesma ternura Deus fala ao seu povo e diz-lhe: «Eu tomo-te pela mão, está
tranquilo, nada temas». E, utilizando imagens para descrever a sua condição de
pequenez, continua: «pobre vermezinho de Jacob, mísero insecto de Israel, não
temas».
Não temer. O Papa
deteve-se nesta expressão para voltar ao exemplo da vida familiar: «Todos
conhecemos as carícias do pai e da mãe, quando as crianças se inquietam por um
susto». Também eles dizem: «Não tenhas medo, estou aqui». A cada um de nós o
Senhor recorda ternamente: «Apaixonei-me pela tua pequenez, pelo teu nada» e repete-nos:
«Não temas os teus pecados, amo-te muito, estou aqui para te perdoar». Em
síntese, explicou o Pontífice, esta «é a misericórdia de Deus».
Prosseguindo a
meditação, Francisco citou um exemplo tirado de uma hagiografia («penso que era
são Jerónimo mas não tenho a certeza», confidenciou) e recordou que o santo
dizia que era muito penitente na sua vida, que fazia sacrifícios, orações e que
o Senhor lhe pedia cada vez mais. O santo continua a rezar: «Senhor o que posso
dar-te?», até que disse: «Mas Senhor, nada mais tenho para te dar, dei-te
tudo». E a resposta foi: «Não. Falta uma coisa – o quê, Senhor?» – «Dá-me os
teus pecados». Com este episódio o Pontífice frisou que «o Senhor deseja
assumir sobre Si as nossas fraquezas, os nossos pecados, os nossos cansaços». É
uma atitude que encontramos também nos Evangelhos, em Jesus, que afirmava:
«Vinde a mim todos os que estais cansados e eu aliviar-vos-ei». Deus, disse
Francisco, repete-nos continuamente: «Eu sou o Senhor teu Deus que te tomo pela
mão, nada temas pequenino, não temas. Dar-te-ei a força. Dá-me tudo e
perdoar-te-ei, dar-te-ei a paz». São estas, acrescentou, «as carícias de Deus»
«do nosso Pai, quando se exprime com a sua misericórdia».
Nós, homens – prosseguiu
o Pontífice – «estamos muito nervosos» e «quando algo não nos agrada,
lamentamo-nos, ficamos impacientes». Deus, ao contrário, consola-nos: «Fica
tranquilo, fizeste algo grave, mas não te preocupes; não temas, perdoo-te». E
assim acolhe-nos em tudo, até com os nossos erros, os nossos pecados. Significa
precisamente isto o que se repete no salmo: «O Senhor é misericordioso e grande
no amor». Por conseguinte, sintetizou o Papa, «nós somos pequenos. Ele
concedeu-nos tudo. Pede-nos só as nossas misérias, as nossas insignificâncias,
os nossos pecados, para nos abraçar e nos acariciar».
Por fim, recordando a
oração recitada no início da missa («Despertai, Senhor, a fé do vosso povo»),
Francisco concluiu exortando todos a pedir ao senhor «para despertar em cada um
de nós e em todo o povo a fé nesta paternidade, nesta misericórdia, no seu
coração». E também a pedir-lhe «que esta fé na sua paternidade e a sua
misericórdia» nos torne «um pouco mais misericordiosos em relação aos outros».
Fonte: L"Osservatore Romano
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