
Neste domingo celebramos a Solenidade martirial dos Apóstolos São Pedro
e São Paulo, alicerces e fundamentos da Igreja de Cristo. São os dois olhos e
pulmões da comunidade eclesial, constituindo os batimentos do coração do Corpo
de Cristo, um que atrai e unifica, outro que impulsiona e vai ao encontro dos
povos e nações.
São Pedro, Príncipe dos Apóstolos, Vigário de Cristo, ponte e Pastor
Universal, exerceu como Bispo de Roma o ministério petrino, o papado, para
manter reunidos num só povo os seguidores de Cristo, a comunidade da nova
Aliança.
Sua liderança e carisma guardam na verdadeira fé, aos fiéis ajudando-os
e encorajando-os na firmeza e no testemunho. Como trata-se de um elemento de
direito divino, isto é, querido e instituído pelo próprio Jesus Cristo o
ministério é permanente e passado para os sucessores de Pedro, os Papas que ao
longo da caminhada da Igreja guiaram a sua barca. É reconfortante vivenciar que
Jesus não nos deixou órfãos, mas somos constantemente protegidos e edificados,
por uma paternidade comum e diligente, um timoneiro experiente que com a
bússola infalível do Espírito Santo, vai navegando sempre para águas mais profundas
até chegarmos ao porto seguro do Pai. São Paulo, o Apóstolo dos Gentios, teve a
missão de alavancar a Igreja de Cristo rumo as culturas e civilizações
existentes, como homem cosmopolita que era conseguiu derrubar os obstáculos e
amarras que impediam a inculturação da fé e a expansão do Reino.
Um apaixonado por Cristo que como instrumento e servo do Senhor plantou
e gerou comunidades dinâmicas e missionárias, que com a força do Espírito Santo
em pouco tempo se multiplicaram alcançando as dimensões do Império Romano. Ele
nos anima neste processo de sermos uma Igreja em saída como quer o Papa
Francisco, modelo dos evangelizadores com Espírito, em diálogo com as culturas,
servidores daqueles que foram considerados como dizia Paulo, lixo para o mundo,
os pobres e excluídos.
Os dois São Pedro e São Paulo chegaram juntos ao martírio, a vitória da
fé, semeando e vitalizando com seu sangue e sua páscoa, o Povo de Deus e a
humanidade inteira que vê no doce rosto de Cristo na Terra como Santa Catarina
de Sena chamava o Papa, a esperança, a paz e o chamado a unidade perfeita.
Deus seja louvado!
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Bispo de Campos (RJ)
Fonte: CNBB Foto: Domtotal
Homilia do Papa Francisco
Irmãos bispos, de que temos
nós medo? Porquê? Onde pomos a nossa segurança? - Papa, na Missa de São Pedro e
São Paulo, confere o pálio a 24 arcebispos metropolitas.
Segundo
a tradição, está presente uma Delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla.
Também o Patriarcado de Moscovo está de algum modo representado pelo respetivo
Coro Sinodal, que neste sábado à tarde, na Capela Sistina, animou um concerto
espiritual, conjuntamente com o coro da Capela Sistina, que colabora também na
celebração deste domingo.
Na
homilia, partindo da primeira Leitura, dos Atos dos Apóstolos, que refere a
experiência de Pedro, libertado da cadeia por intervenção do Senhor, o Papa
Francisco insistiu na questão do medo e na busca de refúgios e proteções.
Pedro
verifica que lhe caiem as cadeias que o prendiam e que a porta da prisão se
abre sozinha. Pedro dá-se conta de que o Senhor o «arrancou das mãos de
Herodes».
dá-se
conta de que Deus o libertou do medo e das cadeias. Sim, o Senhor liberta-nos
de todo o medo e de todas as cadeias, para podermos ser verdadeiramente livres.
Este fato – comentou o Papa - aparece bem expresso nas palavras do refrão do Salmo Responsorial: «O Senhor libertou-me de todos os medos».
Aqui está um problema que nos toca: o problema do medo e dos refúgios pastorais. Pergunto-me: Nós, amados Irmãos Bispos, temos medo? De que é que temos medo? E, se o temos, que refúgios procuramos, na nossa vida pastoral, para nos pormos a seguro?
Procuramos porventura o apoio daqueles que têm poder neste mundo? – interrogou-se o Papa. Ou deixamo-nos enganar pelo orgulho que procura compensações e agradecimentos, parecendo-nos estar seguros com isso?
Caros
irmãos bispos: Onde pomos a nossa segurança? O testemunho do apóstolo Pedro
lembra-nos que o nosso verdadeiro refúgio é a confiança em Deus: esta afasta
todo o medo e torna-nos livres de toda a escravidão e de qualquer tentação
mundana.
O exemplo de São Pedro desafia-nos a verificar a nossa confiança no Senhor – observou o Papa, que prosseguiu comentando o Evangelho segundo S. João em que Jesus por três vezes interpela o primeiro dos Apóstolos perguntando-lhe se o ama deveras. E confirma-o na missão de pastor do seu rebanho.
O exemplo de São Pedro desafia-nos a verificar a nossa confiança no Senhor – observou o Papa, que prosseguiu comentando o Evangelho segundo S. João em que Jesus por três vezes interpela o primeiro dos Apóstolos perguntando-lhe se o ama deveras. E confirma-o na missão de pastor do seu rebanho.
E
aqui desaparece o medo, a insegurança, a covardia. Pedro experimentou que a
fidelidade de Deus é maior do que as nossas infidelidades, e mais forte do que
as nossas negações. Dá-se conta de que a fidelidade do Senhor afasta os nossos
medos e ultrapassa toda a imaginação humana.
Jesus
conhece os nossos medos e as nossas fadigas – prosseguiu o Papa. E é por isso
que também a nós pergunta se o amamos mesmo. E Pedro indica-nos o caminho:
fiarmo-nos d’Ele, que «sabe tudo» de nós, confiando, não na nossa capacidade de
Lhe ser fiel, mas na sua inabalável fidelidade.
Jesus
nunca nos abandona, porque não pode negar-Se a Si mesmo. Ele é fiel. A
fidelidade que Deus, sem cessar, nos confirma também a nós, Pastores,
independentemente dos nossos méritos, é a fonte de nossa confiança e da nossa
paz.
A
concluir, o Santo Padre comentou ainda o final do episódio do evangelho.
Perante a pergunta de Pedro sobre o que vai ser de João, Jesus responde
simplesmente: “Que tens tu a ver com isso. Segue-me!”
Esta experiência de Pedro encerra uma mensagem importante também para nós, amados irmãos Arcebispos. Hoje, o Senhor repete a mim, a vós e a todos os Pastores: Segue-Me! Não percas tempo em questões ou conversas inúteis; não te detenhas nas coisas secundárias, mas fixa-te no essencial e segue-Me.
Na oração dos fiéis, a assembleia rezou-se em diversas línguas por variadas intenções: pela Igreja assente na rocha de Pedro (em russo), pelos novos arcebispos metropolitas (português), por todos os povos da terra e seus governantes (chinês), pelas pessoas pobres, solitárias ou idosas (francês) e pelos cristãos em geral (em língua iorubá, que se fala numa parte da Nigéria).
Esta experiência de Pedro encerra uma mensagem importante também para nós, amados irmãos Arcebispos. Hoje, o Senhor repete a mim, a vós e a todos os Pastores: Segue-Me! Não percas tempo em questões ou conversas inúteis; não te detenhas nas coisas secundárias, mas fixa-te no essencial e segue-Me.
Na oração dos fiéis, a assembleia rezou-se em diversas línguas por variadas intenções: pela Igreja assente na rocha de Pedro (em russo), pelos novos arcebispos metropolitas (português), por todos os povos da terra e seus governantes (chinês), pelas pessoas pobres, solitárias ou idosas (francês) e pelos cristãos em geral (em língua iorubá, que se fala numa parte da Nigéria).
A
bênção e imposição do pálio, faixa de lã branca com seis cruzes pretas de seda,
teve lugar logo no princípio da celebração. Cada arcebispo, nomeado nos últimos
12 meses, profere um juramento no qual se compromete a ser “sempre fiel e
obediente” à Igreja Católica, ao Papa e aos seus sucessores. Dos 24 arcebispos
que receberam do Papa o pálio, os únicos lusófonos eram dois brasileiros.
Quatro os arcebispos africanos presentes desta vez em São Pedro, provenientes
da Nigéria, Malawi, Madagáscar e Tanzânia. Outros três arcebispos vão receber a
insígnia nas suas respectivas sedes episcopais, por não se poderem deslocar ao
Vaticano. O pálio é feito com a lã de dois cordeiros brancos benzidos pelo Papa
na memória litúrgica de Santa Inês, a 21 de janeiro, todos os anos.