sábado, 29 de junho de 2019

FORMAÇÃO DE DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS: CATEQUISTAS E EVANGELIZADORES DA CIDADE DE CUBATÃO - DIOCESE DE SANTOS.

Aconteceu neste sábado dia 29 de junho a Formação de Discípulos Missionários: Catequistas e Evangelizadores a formação aconteceu na cidade de Cubatão, no Salão Paroquial da Paróquia Matriz São Judas Tadeu.


                              Com a participação de quase 90 catequistas.



Palestrante: Padre Aparecido Neres Santana, CSS Assessor Eclesiástico da Catequese na Diocese de Santos.



TEMA: PROCESSO DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ NA ETAPA DO 
CATECUMENATO, UM TEMPO DE APROFUNDAMENTO.













A Comissão agradece a acolhida de todos da comunidade e presença do Padre Wilson José da Silva, Padre Francisco José Greco e do Diácono Reinaldo Flor de Souza.

Momento Mariano: 




Está formação está acontecendo em todas as cidades de nossa Diocese.

Próxima formação será na Região Litoral Centro (Cidades de Praia Grande e Mongaguá) dia 27 de julho às 8h30 na Paróquia Nossa Senhora das Graças, Ocean Praia Grande.


Comissão AB-C Diocese de Santos/SP. 

quinta-feira, 27 de junho de 2019

II SIMPÓSIO DA CATEQUESE INCLUSIVA - REGIONAL SUL I - CNBB



O Simpósio é promovido pela Comissão de Animação Bíblico-Catequética do Regional Sul I.
Tema: "Metodologia: Aspectos pastorais e famílias para viver a Catequese Inclusiva"

É importante a formação de todos os catequistas, pois o Papa Francisco nos pediu para acolhermos a todos, catequese inclusiva de crianças, adolescentes, jovens e adultos. 

Participem desta formação, dia 24 de agosto de 2019, na região Episcopal Belém – Arquidiocese de São Paulo

Investimento: R$ 25,00 (incluindo café e almoço)

Assessoria de D. Ricardo Hoepers, recém-eleito Presidente da Comissão Episcopal Pastoral Para a Vida e a Família da CNBB.

O simpósio oferecerá oficinas práticas e metodológicas para cada deficiência. 


Inscrições pelo site: http://www.cnbbsul1.org.br/ii-simposio-de-catequese/

Organização: Equipe de Catequese Inclusiva do Regional Sul 1; Movimento Fé e Luz. Com Apoio da Pastoral da Pessoa com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo. Tendo por Bispo Referencial da Animação Bíblico-Catequética D. Milton Kenan Junior e Coordenador Pe. Marcelo Machado; Pe. Alexander Silva (Responsável pela Equipe de Catequese Inclusiva do Regional Sul 1 da CNBB, juntamente com o Pe. Marcelo Machado).
Nome Completo:

E-mail

Telefone/celular(DDD)

Diocese/Sub-regional:

Cidade:

Informações complementares:
Se possui alguma deficiência:
o D. Intelectual
o D. Auditiva
o D. Física
o D. Visual
o Autismo
o Não possui deficiência
Oficinas (podendo se escrever em duas oficinas):
Primeiro Bloco de Oficina às 13h30:
o D. Intelectual
o D. Auditiva
o D. Física
o D. Visual
o Autismo
Segundo Bloco de Oficinas às 15h10:
o D. Intelectual
o D. Auditiva
o D. Física
o D. Visual
o Autismo
Outras Informações sobre o Simpósio falar :
Com Sra. Vanilda Votuporanga (17) 99784-0366 ou
Pe. Alexander Silva (19) 99860-3091
Como chegar em Centro Pastoral São José
Av Álvaro Ramos, 366, Belém, São Paulo, SP

http://cnbbsul1.org.br/ii-simposio-de-catequese/

FORMAÇÃO DE DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS: CATEQUISTAS E EVANGELIZADORES DA CIDADE DE CUBATÃO - DIOCESE DE SANTOS.

A Comissão para a Animação Bíblico Catequética da Diocese de Santos está convocando todos os Evangelizadores e Catequistas de criança, jovens e adultos (Batismo, Crisma e Eucaristia), Pastoral da Liturgia, e a Comissão de Iniciação à Vida Cristã Paroquial para participar de uma Formação que será na cidade de Cubatão, no Salão Paroquial da Paróquia Matriz São Judas Tadeu - Diocese de Santos, dia 29 de junho às 14h30.


TEMA: PROCESSO DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ NA ETAPA DO CATECUMENATO, UM TEMPO DE APROFUNDAMENTO.

OBJETIVO 1: Proporcionar uma compreensão da Palavra de Deus em vista do amadurecimento da Fé e sua vivencia em nossa vida.

OBJETIVO 2: Aprofundamento do Processo da Iniciação à Vida Cristã na etapa do Catecumenato.


Palestrante: Padre Aparecido Neres Santana


LOCAL: Salão Paroquial da Paróquia São Judas Tadeu.




Telefone: (13)3363-5032
Endereço: Av. das Américas, 365
Bairro: Jardim Casqueiro
Cidade: Cubatão
Dia: Sábado, 29 de junho de 2019.
Hora: 14h30.

Trazer a Bíblia e o Itinerário Catequético.

Teremos para vender o Itinerário Catequético e o Doc. DGAE.

Participem!

Esta formação acontecerá em todas as cidades de nossa Diocese. Mais informações em sua Paróquia.

Próxima formação será cidade de São Vicente dia 06 de julho às 8h30 no Centro Esportivo São Gabriel.

Comissão AB-C da Diocese de Santos

quarta-feira, 26 de junho de 2019

PEDRO E PAULO: diferenças que se encontram.

“Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” (Mt 16,13) 
A Igreja, ao unir numa só celebração, duas figuras humanas tão diferentes - Pedro e Paulo - nos indica o quê pretende com esta festa: manifestar a obra comum que Deus realizou através deles. Com certeza, a liturgia descobriu a complementariedade desses dois homens; são um claro exemplo de que personalidades tão diferentes se revelaram autênticos seguidores de Jesus.
Foram completamente diferentes na formação pessoal: Pedro era simplesmente um pescador, sem nenhuma preparação, mas teimoso e sincero. Paulo era um intelectual. Havia passado pela escola rabínica, onde se envolveu no estudo profundo da Lei. Um com sua simplicidade e espontaneidade e o outro com sua agudeza intelectual, constroem a única Igreja. Tanto em Cesareia de Filipe (Pedro), como no caminho de Damasco (Paulo), Jesus desvela a originalidade e a diferença de cada um deles (rocha), sobre as quais vai fundamentar sua nova comunidade. Nada do que é humano foi anulado, mas integrado no horizonte do seguimento. 
Cada um deles seguiu Jesus à sua maneira Por isso, Pedro e Paulo foram considerados como as colunas da Igreja. Eles são como duas referências permanentes para a comunidade dos(as) seguidores(as) de Jesus; são exemplo de fé cristã, no seguimento do Mestre de Nazaré. No final os dois rubricaram sua fidelidade entregando a própria vida como testemunhas de Jesus Cristo.
A Igreja, corpo de seguidores(as) de Jesus Cristo, plural e diversa em seus membros, também é chamada à comunhão na diversidade. Somos conscientes de viver a difícil alteridade no interior da mesma Igreja. 
A fé cristã em Deus, que é uno e trino, aparece como o primeiro fundamento para acolher a diferença.
O modo original de ser e viver de Jesus também nos motiva a sair de nós mesmos para acolher o outro diferente como revelação de Deus, assumir a mudança e encontrar na Eucaristia, o sinal e a fonte da união. 
A festa de hoje se apresenta como oportunidade privilegiada para aprofundar o sentido da “diferença” no interior da comunidade cristã e na convivência social. Estamos inseridos num contexto religioso e social carregado de muita intolerância e indiferença, onde prevalece o medo diante de quem é diferente. 
 “A diferença é inerente à comunhão na Igreja. É um elemento da comunhão. A Igreja não é nem eliminação nem soma das ‘diferenças’, mas comunhão nas mesmas” (J.M Tillard). Assim, ser cristão significa ser aberto, acolhedor da diferença, sensível à diversidade. Afinal, somos humanos, seres em caminho, buscadores de sentido, buscadores da verdade e habitados pelo mesmo Deus, que atua em tudo e em todos. O princípio de alteridade está fundado no princípio de identidade: podemos nos compreender apesar de sermos diferentes, porque todos somos seres criados e agraciados por Deus, chamados a ser habitados por uma verdade que está para além de uma ideia ou doutrina. 
Esta é a vocação fundamental de todo ser humano: alimentar uma relação mútua em cada encontro. Todos trazemos dentro de nós ricas possibilidades que só podem ser colocadas em movimento quando alguém se encontra conosco e nos chama à vida, numa verdadeira relação. Somos relação, e nos fazemos ou desfazemos na relação.  Não há um “eu sem um tu” que nos complementa com a comunhão, que nos une na diferença; esse movimento desvela nossa própria originalidade, abrindo-nos ao desconhecido e à riqueza do outro. Tanto a comunhão como a diferença são espaços de crescimento mútuo. 
A diversidade nos permite enriquecer-nos, adquirir mais humanismo. Diferença é expressão inerente ao ser humano, é modo de pensar, de dizer, de trabalhar, de existir e de conviver. A humanidade diferenciada torna-se mais dinâmica; o tesouro está precisamente em sua diversidade criadora. A humanidade é profundamente diversificada em seus talentos, valores originais e em sua vitalidade.
Daí a importância de aprender a ver o melhor de cada pessoa e de cada povo, superando as visões estreitas e fundamentalistas de todo tipo de racismo, xenofobia, desprezo, preconceito, dominação...
Saber conviver com as diferenças é sinal de maturidade. 
Cresce hoje a consciência sobre a diferença do ser humano como atração, e não como rejeição. A humanidade pós-moderna exige a diversidade de convivência sociocultural. Não podemos permanecer trancados em redutos que rejeitam as diferenças existenciais. A humanidade deixou de ser distante para tornar-se mais próxima, mediante as diferenças, os diálogos e as convergências. O mundo globalizado não pode ser apenas econômico. É chamado também a respeitar e a cultivar as diferenças entre as pessoas, as raças, as sociedades e as nações. 
A diversidade racial, cultural, religiosa... supera a monotonia e oferece a criatividade de muitas formas. A harmonia fecunda entre as pessoas está na diversidade das diferenças, não na repetição mecânica.
O conformismo repete cópias, mas não facilita a união autêntica. Sem as diferenças entre pessoas, a sociedade seria apenas um marasmo. Por isso, as diferenças pluralistas são valores, não anomalias. Além disso, são sedutoras, não amedrontadoras. A diferença pessoal mantém certo fascínio. 
A diversidade é uma forma de aproximação entre os seres humanos. E deve ser vista como estimulo, não como estorvo. A diferença do “outro” deve ser motivo para o encontro e para o enriquecimento mútuo.  Segundo o pensador E. Levinas é a diferença que gera alteridade. O outro é diversificado e não repetitivo. A visão da diferença mostra que cada ser pessoal é original. Massificar as pessoas é uma forma de silenciá-las e dominá-las. Daí a importância e a urgência de aprender a valorizar o que é próprio e também o que é diferente, esforçando-nos para não transformar as diferenças normais (geográficas, culturais, de raça, de gênero...) em desigualdades. É preciso educar e preservar as diferenças humanas. 
Deveríamos pensar mais sobre a importância das diferenças entre os seres humanos.  Deveríamos admirar as diferenças pessoais e grupais, e não lamentá-las. É necessário evitar tudo o que deforma as diferenças e desenvolver a verdadeira coexistência pessoal, social, científica, religiosa, ética. Deveríamos remover abusos e vícios que anulam a diferenças. Perverter a diferença é uma atitude que degrada a pessoa. Valorizar o diferente e os diferentes implica tratar com cortesia, saber interagir, trabalhar juntos, respeitar... Diferença não dispersa nem divide, mas provoca convergência crítica. Promove a unidade lúcida e criativa. Por isso é valor a ser preservado e a ser desenvolvido, é potencial a ser explicitado.
A questão da «diferença cristã» não toca apenas à relação entre o cristianismo e o espaço não-cristão. O problema situa-se no interior mesmo do cristianismo. Viver como «comunidade» implica saber conjugar a diversidade na unidade. Assim, o cristianismo revela uma multiplicidade de textos, de ritos, de movimentos, de escolas de espiritualidade, de perspectivas teológicas; mas também de funções e vocações no interior da comunidade. A fidelidade, no cristianismo, passa por uma capacidade de integrar a diversidade.
Somos Igreja, Casa e Povo de Deus, que vive a acolhida positiva e respeitosa da diversidade de pessoas, carismas, ministérios, funções e expressões da fé. O reconhecimento desse pluralismo no interior da comunidade nos instiga a viver uma eclesiologia da comunhão. 
Isso nos move a fazer a contínua passagem de uma Igreja que discrimina os que pensam diferentes, os diversos, os outros... a uma Igreja que respeita os que seguem sua própria consciência, as outras religiões, os ateus, as minorias excluídas...; uma Igreja de portas abertas, atenta aos novos sinais dos tempos, que abra caminhos novos em meio às diferenças, que saia às margens sociais e existenciais...; uma Igreja jovem e alegre, fermento na sociedade, com a alegria e a liberdade do Espírito, com luz e transparência...
Texto bíblico:  Mt 16,13-19
Na oração: Deus nos ciou “diferentes” e é na “diferença” que Ele vem ao nosso encontro como chance de enriquecimento vital e de intercâmbio criativo.
- Deixe-se surpreender pelo Deus da vida que rompe esquemas, crenças, legalismos, bolhas...;
- O que prevalece em você diante de quem pensa, sente e ama de maneira “diferente”? intolerância, sectarismo, preconceito, mixo-fobia (medo de se misturar), xenofobia (medo do estrangeiro);... ou acolhida, proximidade, convivência...? 
Pe. Adroaldo Palaoro sj

domingo, 23 de junho de 2019

FORMAÇÃO DE DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS: CATEQUISTAS E EVANGELIZADORES DA CIDADE DE ITANHAÉM - DIOCESE DE SANTOS.






Aconteceu neste sábado dia 22 de junho a Formação de Discípulos Missionários: Catequistas e Evangelizadores a formação aconteceu na cidade de Itanhaém, na Paróquia Matriz Nossa Senhora do Sion.



Com a participação de quase 50 catequistas.




 











Palestrante: Padre Aparecido Neres Santana, CSS Assessor Eclesiástico da Catequese na Diocese de Santos.





TEMA: PROCESSO DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ NA ETAPA DO 

CATECUMENATO, UM TEMPO DE APROFUNDAMENTO.


A Comissão agradece a acolhida de todos da comunidade e presença do Padre Esteban Juan.











Está formação está acontecendo em todas as cidades de nossa Diocese.

Próxima será na cidade de Cubatão, Paróquia São Judas, Casqueiro no dia 29 de junho as 14h30.

Comissão AB-C Diocese de Santos/SP.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

FORMAÇÃO DE DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS: CATEQUISTAS E EVANGELIZADORES DA CIDADE DE ITANHAÉM - DIOCESE DE SANTOS.

A Comissão para a Animação Bíblico Catequética da Diocese de Santos está convocando todos os Evangelizadores e Catequistas de criança, jovens e adultos (Batismo, Crisma e Eucaristia), Pastoral da Liturgia, e a Comissão de Iniciação à Vida Cristã Paroquial para participar de uma Formação que será na cidade de Itanhaém, na Paróquia Matriz Nossa Senhora de Sion - Diocese de Santos, dia 22 de junho às 8h30.


TEMA: PROCESSO DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ NA ETAPA DO CATECUMENATO, UM TEMPO DE APROFUNDAMENTO.

OBJETIVO 1: Proporcionar uma compreensão da Palavra de Deus em vista do amadurecimento da Fé e sua vivencia em nossa vida.

OBJETIVO 2: Aprofundamento do Processo da Iniciação à Vida Cristã na etapa do Catecumenato.


Palestrante: Padre Aparecido Neres Santana






LOCAL: Paróquia Matriz Nossa Senhora de Sion

Telefone: (13)3422-1216
Endereço: Praça Nossa Senhora de Sion, 99
Bairro: Suarão
Cidade: Itanhaém
Dia: Sábado, 22 de junho de 2019.
Hora: 8h30.

Trazer a Bíblia e o Itinerário Catequético.

Participem!

Esta formação acontecerá em todas as cidades de nossa Diocese. Mais informações em sua Paróquia.

Comissão AB-C da Diocese de Santos

sexta-feira, 14 de junho de 2019

A Trindade marca encontro com a humanidade.

“Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade” (Jo 16,13) 



Uma das expressões mais constantes nos discursos e na prática do Papa Francisco é o apelo a viver a “cultura do encontro”, inspirado na comunhão intra-trinitária: “Vivei a mística do encontro: a capacidade de ouvir atentamente as outras pessoas; a capacidade de procurar juntos o caminho, o método, deixando-vos iluminar pelo relacionamento de amor que se verifica entre as três Pessoas divinas e tomando-o como modelo de toda a relação interpessoal”. 

Na contemplação da Encarnação dos Exercícios Espirituais, S. Inácio nos convida a imaginar a Trindade que, com seu olhar compassivo, acolhe “a grande extensão e a curvatura do mundo” com um abraço apertado e decidido, de tal maneira que nada do que é do mundo é deixado para trás, evitado ou negado.

O que aconteceu no mistério da Encarnação é algo surpreendente e cheio de novidade. A decisão da “humanização” de Jesus brota das entranhas do Deus Comunidade de amor: “ver e considerar as Três Pessoas divinas...”. Ao se revelar Manancial e Fonte de nossa humanidade, não é mais possível crer que o Deus Uno e Trino seja nosso rival, mas amigo; não é possível mais aceitar que Ele seja insensível, mas providente; que seja nossa ameaça, mas alívio; que seja nossa diminuição, mas plenitude; Ele não é o “juiz distante” mas o “Deus encontro”, fonte de nossa liberdade... 

Inspirados na linguagem da “Contemplação da Encarnação”, contemplamos, com o olhar da Trindade, nosso mundo fragmentado, vendo as diversidades em conflito que geram o sofrimento, a exclusão, a morte e os infernos... E esses espaços e fronteiras são cada vez mais extensos e problemáticos; mas, nas profundezas de todos esses “mundos que nos são estranhos” se revela a presença do Filho de Deus “novamente encarnado” (EE. 109). Pois tudo foi alcançado e redimido pelo amor encarnado de Deus.

O mistério da Trindade Amorosa nos conduz à contemplação da realidade na qual vivemos e nos inspira a uma proximidade e um conhecimento mais profundo do “mundo” para o qual somos enviados.

O mais importante nesta festa que estamos celebrando, seria purificar nossa ideia do Deus-Comunhão-de-Pessoas e ajustá-la cada vez mais à realidade que d’Ele Jesus nos quis transmitir. Jesus nos ensinou que, para fazer uma verdadeira experiência de Deus, o ser humano precisa aprender a olhar dentro de si mesmo (Espírito), olhar os outros (Filho) e olhar o transcendente (Pai). Jesus não pregou a Trindade, mas abriu o caminho que conduz ao Pai e nos legou seu Espírito.

Na realidade, a experiência dos primeiros cristãos é que a Trindade podia ser, ao mesmo tempo e sem contradição: Deus que é origem, princípio, fonte de tudo (Pai); Deus que se faz um de nós (Filho); Deus que se identifica com cada um de nós (Espírito). Estão nos falando da Trindade que não se fecha em si mesma, mas pura relação que transborda e se visibiliza na criação inteira, fazendo de cada ser humano sua morada. Deus é sempre Trindade, comunhão de Três Pessoas divinas, pelas quais circula toda a torrente de Vida Eterna.

Também S. Agostinho assim sintetizou esse mistério trinitário: “Aqui temos três coisas: o Amante, o Amado e o Amor”; um Pai Amante, um Filho amado e o vínculo que mantém unidos os dois, o Espírito de Amor. Sendo presença visível desta Comunidade de Amor, Jesus quer que entremos nesse mesmo fluxo do Amor, expansivo e vital. 

A festa do Deus-Trindade, do Deus dos encontros, é especialmente significativo para a o contexto atual, carregado de desencontros, de rupturas e profundas divisões; para quem crê na Trindade, os vínculos, a comunicação e a partilha são especialmente significativos; quem se deixa habitar pela Trindade, acolhe a diversidade e a reciprocidade como nutriente de sua maneira de estar e de viver no mundo; entrar no fluxo de vida da Trindade significa comprometer-se com a vida e não com a cultura de morte; trabalhar com a Trindade implica viver em rede humanizadora, valorizando a solidariedade, a colaboração e a interdependência. Todos esses valores, com suas luzes e sombras, são uma boa porta de entrada para iniciar-nos no conhecimento do mistério do Deus-Trindade anunciado por Jesus.

O Deus comunhão, que se revelou em Jesus, fundamenta e ilumina a dignidade e liberdade do ser humano, e o capacita a viver relações e interações transformadoras na vida social e na igreja. O Deus dos encontros suscita práticas de diálogo e de reciprocidade no amor, na acolhida e na potenciação da diversidade como riqueza. 

Na contemplação do Pai, do Filho e do Espírito, aprende-se a amar, a relacionar-se, a sentir-se família com todos. Como Pai Bom que, no regresso do filho, o abraça com ternura, o cobre de beijos e lhe oferece o perdão gratuitamente. Como o Filho que se inclina para lavar e beijar os pés de cada ser humano, e se entrega como serviço. Como o Espírito que incita e sustenta com seu amor o ser humano, que é vínculo de união, criação e dinamismo, liberdade, fonte do maior consolo, luz na obscuridade, bálsamo para as feridas, criatividade e audácia na missão. 

Portanto, a contemplação do mistério do Deus Trindade ativa em nós uma “maneira trinitária de ser e de estar” no mundo; nossa presença e nossa missão fazem do mundo em que vivemos um lugar transparente, santo e luminoso em Deus. A Trindade nos expande e nos lança em direção ao mundo, à humanidade, nos faz mais universais e nos capacita para sermos “contemplativos nos encontros”. 

Na espiritualidade cristã, quem experimenta o encontro com a Trindade, Fonte de vida e amor, começa a “ver” os homens e as mulheres no mundo como a Trindade mesma os vê. Precisamente por ter-se encontrado com a Trindade-Comunhão, a pessoa torna-se mais “encarnada” na realidade e mais comprometida com os irmãos e irmãs no mundo, sobretudo com os mais pobres, os mais sofridos e excluídos; é aquela que mais se compromete com a justiça e é a que mais desenvolve uma criatividade eficaz na história, com obras que nos surpreendem. 

Desde o princípio, fomos criados para o encontro; somos seres comunitários: vivemos com os outros, estamos com os outros, somos para os outros... Somos filhos(as) do encontro e do diálogo e realizamo-nos quando permanecemos em comunhão uns com os outros, na medida em que nos encontramos e nos amamos. “Ser” significa “ser com”, ser com os outros; existir significa coexistir. Nessa coexistência buscamos ansiosamente e descobrimos a nossa identidade.

Fomos criados “à imagem e semelhança” do Deus Trindade, comunhão de Pessoas (Pai-Filho-Espírito Santo). Quanto mais unidos somos, por causa do amor que circula entre nós, mais nos parecemos   com o Deus Trindade. “Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu Amor em nós é perfeito” (1Jo. 4,12). Deus colocou em nossos corações impulsos naturais que nos levam em direção ao convívio, à cooperação, à acolhida, à solidariedade... 

Neste novo tempo, a Trindade Santa chama cada um de nós a uma maneira mais aberta e livre de nos relacionar com todos aqueles que são os “outros”. Afinal “somos pessoas para os outros e com os outros”. 

A cultura do mundo no qual agora vivemos requer outro tipo de ascética: uma ascética de encontros.

Construir a cultura do encontro passa pelo esforço e aprendizado de sair de si para entrar em relação com a diversidade. Ante um mundo global, diverso, multicultural, qualquer tentativa de homogeneização e uniformidade está fadada ao fracasso. Descobrir que a riqueza está na diversidade é a base sobre a qual se parte para a destruição dos muros e a construção de pontes que facilitem o encontro. Isso não significa perder os próprios valores e a identidade cultural; pelo contrário, quando somos conscientes de nossa própria identidade é quando nos tornamos capazes de entrar em relação com o outro que pensa, sente e ama de maneira diferente. Afinal, “só corações solidários adoram um Deus Trinitário”.  

Textos bíblicos:  Jo 16,12-15    

Na oração:

“Trindade Santa, para descobrir tua proposta original, ensina-nos a contemplar o mundo inteiro com o teu próprio olhar, respeitoso e fiel à nossa realidade”

(Benjamin Buelta).

- Sentir-se olhado pela Trindade (impacto na própria interioridade, como Maria);

- Olhar o mundo com o olhar da Trindade (universalidade);

- Evangelizar os sentidos, muitas vezes atrofiados e limitados, para que eles sejam mediação para viver encontros verdadeiramente humanizadores. 

Pe. Adroaldo Palaoro sj

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Pentecostes: de portas abertas.

“...estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, por medo dos judeus...” 

Lembremo-nos que, no domingo passado, após a Ascensão, os discípulos retornaram ao Templo de Jerusalém: “E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus” (Lc 24, 53). Isso quer dizer que eles ainda não estavam em movimento; eles não tinham tomado consciência de que eram habitados pelo Espírito Santo e que deviam sair do Templo para partir em missão. No entanto, em Pentecostes eles se deram conta de que deviam sair do Templo para transmitir o Sopro de vida (vento), para reunir no Amor todos os povos (fogo) e para comunicar a todos o Amor universal (línguas). A presença do Espírito rompeu os espaços atrofiados e os fez viver de portas abertas. Esta é a missão do Espírito Santo. 

A Igreja, como povo de Deus, cheia de graça e de verdade, hoje se veste de festa porque está celebrando seu nascimento. Ela finca suas raízes no acontecimento de Pentecostes quando o Pai, por seu Filho, envia o Espírito da verdade e da vida à humanidade. Os discípulos receberam a força do Espírito em um contexto de debilidade e de medo. As portas estavam fechadas, no meio do mundo, por temor. E é no meio desse mundo desafiador e do medo paralisante que o Espírito rompe as portas e destranca as janelas; o que era realidade fechada e assustada se converte em comunidade “em saída”, apostólica, missionária.

O Ressuscitado cumpre a promessa definitiva: envia seu Espírito. Espírito de vida e confiança, de fortaleza e verdade, de amor e graça. É o Espírito da liberdade, que arranca as portas dos temores e das seguranças e abre as janelas para deixar entrar o vento que faz viver o risco no amor comprometido; é o Espírito do fogo que aviva a luta pela dignidade e a possibilidade da reconciliação do ser humano ferido com o Deus providente e curador, que se revela como compaixão e misericórdia; é o Espírito que torna possível outro mundo, que ativa o cuidado para com a natureza: a ecologia que se faz comunhão e se humaniza, frente ao medo da destruição do universo e daqueles que o habitam.

Com sua presença rompedora, o Espírito enche a casa onde os discípulos estavam juntos. Ele não se deixa sequestrar em certos lugares que dizemos “sagrados”. Agora “sagrada” torna-se a casa: a minha, a tua e todas as casas são o espaço privilegiado da ação Espírito. Ele vem de imprevisto, e nos apanha de surpresa, pois nem sempre estamos preparados para deixar-nos conduzir por Ele. O Espírito não suporta esquemas, rompe o que está programado, é um vento de liberdade, fonte de vida expansiva. 

Um vento que sacode nossa casa, que a enche de luz e segue adiante, que traz pólens de primavera e dispersa a poeira, que traz fecundidade e dinamismo para o interior de cada um, «esse vento que faz nascer os garimpeiros de ouro» (G. Vannucci). 

Vivemos um permanente Pentecostes. Quando sentimos medo é porque nos centramos em nós mesmos, nos auto-referenciamos, e a realidade nos força a buscar refúgio e proteção. Nossa fragilidade e a violência do mundo nos alarmam e buscamos segurança e conservação. Mas isso dificulta anunciar o evangelho, levar a boa notícia ao mundo e impede nossa própria realização como cristãos, pois apaga nossa criatividade e esvazia nossa presença inspiradora. Celebrar Pentecostes é acreditar que “outra igreja é possível”, que temos de superar nossos medos para construir e ser a comunidade da confiança, aquela que se arrisca na missão e no exercício da misericórdia, aquela que se descobre como fermento no meio da massa e leva a alegria do evangelho. 

O medo, a obscuridade e o fechamento da “casa interior” se transformam, agora com a presença do Espírito, em paz, alegria e envio missionário. São sinais palpáveis da ação misteriosa e transformante do Espírito no interior de cada um e da comunidade. 

Na vida cristã, ser espiritual faz referência ao Espírito de Deus. “Espirituais”, de algum modo, somos todos, mas a chave para deixar que essa dimensão da vida cresça está em facilitar que, dentro de nós, o Espírito de Deus tenha espaço para mover-se, ressoar e suscitar inquietações. Não se trata de que, ao habitar-nos, o Espírito nos invada. Antes, trata-se de uma convivência que potencia o melhor de nós mesmos, que faz que a solidão seja habitada e mantém os sentidos muito mais alerta.

O Espírito ressoa na oração, na atividade, ao ver o noticiário, ao dar um abraço, ao ler um livro, em uma canção, ao contemplar um quadro, fazendo um passeio, escutando alguém que nos fala de sua vida... Ressoa na história e na imaginação que nos convida a sonhar um futuro melhor. Ressoa no encontro humano. E, sob seu impulso, amadurecem em cada um de nós aquelas atitudes que nos levam a viver com mais plenitude: compaixão, justiça, verdade, amor... 

A violência, a injustiça, a intolerância e o preconceito em todos as instâncias da sociedade atual nos enchem de medo, desalento e desesperança. Não vemos saída e preferimos fechar-nos em nós mesmos, em nossos ambientes mofados e práticas religiosas alienadas, esquecendo-nos do grande movimento de vida desencadeado por Jesus, conduzido pelo Espírito de vida. É este mesmo Espírito que irrompe em nosso interior, transpassa as portas do coração e ilumina o entendimento para que compreendamos a novidade do Evangelho e tenhamos presença diferenciada no contexto em que vivemos.

Deixar-nos habitar pelo Espírito implica romper a bolha que asfixia nossa vida e derrubar os muros que cercam nosso coração e atrofia nossa própria existência.  A mudança de mente, de coração, de esperança, de paradigmas... exige que todos, em tempos de Pentecostes, revisemos nossas vidas, conservando umas coisas, alterando outras, derrubando ideias fixas, convicções absolutas, modos fechados de viver...   que impedem a entrada do ar para arejar o próprio interior. 

Nada mais contrário ao espírito de Pentecostes que uma vida instalada e uma existência estabilizada de uma vez para sempre, tendo pontos de referência fixos, definitivos, tranquilizadores... Numa vida assim faltaria por completo o princípio da criatividade, a capacidade de questionar-se, a audácia de arriscar, a coragem de fazer caminho aberto à aventura. 

Há em todo ser humano uma tendência a cercar-se de muros, a encastelar-se, a criar uma rede de proteção. Também os cristãos não estão imunes a esta tentação. A cultura da indiferença edifica uma barreira intransponível entre nós e os outros. Tornamo-nos uma ilha sem vida e triste, negamos a condição criatural de vivermos ao lado dos diferentes, nossos semelhantes. Em nós, a indiferença, a intolerância e a violência são sintomas de desumanização. E essa desumanização é tanto prejudicial a nós quanto às outras pessoas. Todo mundo perde. Aos poucos, nos recolhemos em nossos medos, em nossas inseguranças e começamos a acreditar que os diferentes são nossos inimigos. A partir de nossa reclusão religiosa, social, política..., passamos a divulgar discursos fascistas, alimentar práticas fundamentalistas de segregação, apoiar-nos em moralismos estéreis... 

O Espírito de Pentecostes nos desarma e nos capacita a viver a cultura do encontro; isso significa desenvolver a própria capacidade de contemplação, de compaixão, de assombro, escuta das mensagens e dos valores presentes no mundo à nossa volta. Ela ativa uma relação sadia com todos; o centro se expande em direção aos outros e à criação, fazendo-nos viver uma conexão livre com toda a realidade, através da íntima solidariedade e do compromisso ativo.  

Texto bíblico:  Jo 20,19-23

Na oração: Quê sinais da presença dinamizadora do Espírito de Deus você pode perceber em sua vida pessoal, familiar e comunitária?

Você conhece pessoas que atuam sob a ação do Espírito? Por quê? Quê você pode fazer para descobrir e potenciar os dons e ministérios que o Espírito continua suscitando nas pessoas e comunidades?

- Faça um tempo de oração mais profunda, procurando escutar as moções que o Espírito suscita em seu interior e que talvez não tenha condições de escutar na pressa diária.

- Que portas você mantém fechadas? Que portas continuam fechadas nas igrejas? São portas, ou se converteram em fronteiras? Por medo de quê? De quem?

Pe. Adroaldo Palaoro sj

terça-feira, 4 de junho de 2019

Ascensão: benção que se expande sobre a humanidade.

“Então Jesus levou-os para fora, até perto de Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os.

Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu” (Lc 24,50-51)

Agora que estamos chegando ao final do tempo pascal, vale a pena notar que a Páscoa, chave, centro e  ponto de partida da fé cristã, é um acontecimento de uma riqueza tal que é impossível descrevê-lo com uma só imagem. Por isso, celebramos o mistério pascal durante cinquenta dias, e logo prolongamos esta celebração cada domingo. Trata-se de um acontecimento único, embora nós, para entendê-lo melhor, o celebremos por etapas. Dito de outra maneira: Paixão, Páscoa, Ascensão e Pentecostes são a mesma realidade. Pode-se falar de quatro momentos, mas, na realidade são distintas perspectivas do mesmo Mistério.

Quê estamos celebrando com a Ascensão? A Ascensão é mais um aspecto da cristologia pascal.

Cristo alcançou, na Ascensão, uma situação e um estado de infinitude que lhe permite preencher tudo com sua presença definitiva, e para comunicar-nos sua presença divina. Portanto, não se trata de uma Ascensão para um lugar físico que o afastaria para longe da humanidade.

A nuvem que o “oculta”, enquanto subia ao céu, não está nos indicando sua “ausência”, mas uma forma distinta de sua presença. Daqui em diante, Jesus estará presente entre nós através de seu Espírito, cuja missão é ser memória permanente e dinâmica para que não nos esqueçamos do que Ele disse e fez.

Precisamos recordar que, terminada a presença histórica de Jesus, vivemos o “tempo do Espírito”, tempo de criatividade e de crescimento responsável. O Espírito não nos proporciona a nós, seguidores(as) de Jesus, “receitas eternas”. Mas nos dá luz e ânimo para buscar caminhos sempre novos a fim de prolongar hoje o modo original de ser e de atuar de Jesus. Assim Ele nos conduz para a verdade completa de Jesus.

Lucas, o único evangelista que fala de ascensão, termina seu relato apresentando-nos os discípulos como que pasmados, olhando para o alto e a alguns personagens vestidos de branco que lhes repreendem: “Homens da Galileia, porque estás aí olhando ao céu?”

Como Jesus, a única maneira de alcançar a plenitude da vida não é “subir”, mas é “descer” até o mais profundo de nosso ser. Aquele que mais desceu é o que subiu mais alto.

Jesus deixou suas pegadas cravadas na terra, mas os discípulos ficaram assombrados com o olhar fixo nas alturas. Ao céu só se chega caminhando para as profundezas de nosso ser, pois só no mais profundo de cada um (céu interior), podemos encontrar o divino.

Não causa estranheza que, ao narrar a despedida de Jesus deste mundo, Lucas descreva de forma surpreendente: Jesus ergue as mãos e “abençoa” seus discípulos. É seu último gesto. Jesus volta ao Pai levantando as suas mãos e abençoando os seus seguidores. Ele entra no mistério insondável de Deus e sobre o mundo faz descer sua benção. Jesus deixa atrás de si sua benção. Os discípulos, envolvidos por sua benção, respondem ao gesto de Jesus indo ao templo cheios de alegria. E estavam ali “bendizendo” a Deus.

Saboreando com mais profundidade a narrativa da Ascensão, caímos na conta da insistência de Lucas no tema do bendizer de Jesus: “levantando as mãos os abençoou e enquanto os abençoava, se afastou deles...”.

Ao fixar a atenção no seu “bendizer” e fazendo uma tradução ao pé da letra do verbo grego “eu-logeo” (“eu”= bem; “logeo”= dizer), ficamos surpresos de que Jesus sobe aos céus dizendo coisas boas de seus discípulos e deixando um “informe final” sobre eles, claramente positivo.

É como se, antes de partir, Jesus tivesse redigido sua avaliação para prestar contas ao Pai e, para alívio nosso, revela-se satisfatória e elogiosa: somos boa gente, com pontos da vida a serem melhorados com certeza, mas, no conjunto, estamos bem. Ele leva anotadas muitas coisas boas de nossas vidas para contá-las ao Pai.

Vamos agora contemplar o gesto das mãos de Jesus que abençoam.

Jesus sempre gostou de “abençoar”. Abençoou as crianças, os pobres, os doentes e desventurados. Seu gesto era carregado de fé e de amor. Ele desejava envolver aqueles que mais sofriam, com a compaixão, a proteção e a benção de Deus.

A partir de então, seus(suas) seguidores(as) começam sua caminhada, animados por aquela benção com a qual Jesus curava os doentes, perdoava os pecadores e acariciava os pequenos.

Nós, seguidores(as) de Jesus, somos portadores(as) e testemunhas de sua benção no mundo.

Como cristãos, esquecemo-nos que somos canais da bênção de Jesus. A nossa primeira tarefa é ser testemunha da Bondade de Deus. Manter viva a esperança, não nos rendermos diante de tanto “maldizer”.

Deus olha a humanidade com ternura e compaixão.

Já faz muito tempo que esquecemos isso, mas a Igreja deve ser, no meio do mundo, uma fonte de benção. Num mundo onde é tão frequente “maldizer”, condenar, prejudicar e difamar, é mais necessária do que nunca a presença de seguidores(as) de Jesus que saibam “abençoar”, buscar o bem, dizer bem, fazer o bem, atrair para o bem.

A benção é uma prática enraizada em quase todas as culturas como o melhor desejo que podemos despertar para com os outros. O judaísmo, o islamismo e o cristianismo lhe deram sempre grande importância. E, embora em nossos dias tenha sido reduzida a um ritual quase em desuso, não são poucos os que ainda destacam seu conteúdo profundo e a necessidade de recuperá-la.

Abençoar é, antes de mais nada, desejar o bem às pessoas que encontramos em nosso caminho. Querer o bem de maneira incondicional e sem reservas. Querer a saúde, o bem-estar, a alegria..., tudo o que pode ajudá-las a viver com dignidade. Quanto mais desejamos o bem para todos, mais possível é sua manifestação.

Abençoar é aprender a viver a partir de uma atitude básica de amor à vida e às pessoas. Aquele que abençoa esvazia seu coração de outras atitudes pouco sadias, como a agressividade, o medo, a hostilidade ou a indiferença. Não é possível abençoar e ao mesmo tempo viver condenando, rejeitando, odiando.

Abençoar é desejar a alguém o bem do mais profundo de nosso ser, mesmo que nós não sejamos a fonte da benção, mas apenas suas testemunhas e portadores. Aquele que abençoa não faz senão evocar, desejar e pedir a presença bondosa do Criador, fonte de todo bem. Por isso, só se pode abençoar numa atitude de agradecimento a Deus.

A benção faz bem a quem a recebe e a quem a pratica. Quem abençoa os outros abençoa-se a si mesmo. A benção fica ressoando em seu interior, como prece silenciosa que vai transformando seu coração, tornando-o melhor e mais nobre. Ninguém pode sentir-se bem consigo mesmo enquanto continua maldizendo o outro no fundo do seu ser. Não é possível ser canal de benção do Criador se do próprio coração brotam palavras de intolerância, de preconceito e julgamento. “Maldizer” o outro é maldizer-se a si mesmo.

Texto bíblico:  Lc 24,46-53

Na oração: Fazer memória dos momentos em que você foi canal de benção para muitas pessoas.

- Você usa as redes sociais para “bendizer” ou “mal-dizer”?

Pe. Adroaldo Palaoro sj