quarta-feira, 6 de julho de 2016

Artigo de julho de 2016 - Padre Aparecido Neres Santana

O missionário se faz próximo do necessitado


Continuamos nossa reflexão ainda no trilha da missionariedade. Até porque não há outro caminho para o cristão, a não ser calçar as sandálias, “cingir os rins” (posição e disposição de discípulo) e “pé na estrada”, conforme Lc 10, 25-37, do 15° Domingo do Tempo Comum. Nesta parábola do Bom Samaritano - com a pergunta provocativa do doutor da lei: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” - Jesus responde, perguntando sobre a Lei. A resposta é correta: "Amar a Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento, e ao próximo como a ti mesmo!" (10,27). A frase vem do Deuteronômio (Dt 6,5) e do Levítico (19,18). Jesus aprova a resposta e diz: "Faze isto e viverás!” (10,28). Para justificar-se, o doutor da lei continua a provocação, perguntado: “E quem é o meu próximo?” Jesus responde, dando como exemplo, para o doutor da lei, um Samaritano, que era desprezado em todos os níveis pelas leis judaicas, especialmente na questão religiosa. Ele vê o homem caído na beira da estrada, chega perto, toca, cuida das feridas, e o coloca numa pensão, assumindo toda responsabilidade. Não foram os “religiosos” - o sacerdote e o Levita, que também viram o homem caído, mas passaram adiante -, que se tornaram próximo. Eles não podiam “se contaminar”, tinham pressa pra chegar ao Templo. Mas o Samaritano, o desprezado, sentiu compaixão e ajudou o homem caído. Por isso, ele se fez próximo. O próximo não está somente ligado à raça, ou ao clã como no Judaísmo. O próximo é sempre o irmão necessitado como diz o Documento do Vaticano II (1404), onde se lê: “Em nossos dias, ainda é maior a necessidade de considerar os outros nossos próximos e servi-los de maneira eficaz, quer se trate de idoso abandonado, do trabalhador migrante desprezado, dos exilados, das crianças sem família, dos injustamente perseguidos, dos que passam fome, de todos que nos interpelam a consciência, lembrando a palavra do Senhor: ‘Todas as vezes que o fizeste a um de meus irmãos pequeninos, a mim fizeste (Mt 25,40)’”. O próximo é a revelação de Deus para mim. Conversão pessoal e pastoral: 

Qual é a minha atitude, quando me deparo com meu próximo caído no chão, vítima de uma sociedade preconceituosa? Será que estou enxergando e tendo a coragem de ir ao encontro, acolhendo-o como verdadeiro missionário; tocar nas feridas, tanto da sociedade, como do irmão, sentir o sofrimento ou a dificuldade que o meu próximo está vivendo?

Pe. Aparecido Neres Santana - Assessor Eclesiástico da Comissão Ab-C

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