domingo, 31 de março de 2013

Ressurreição de Jesus Cristo




Santa Páscoa 2013



 
Queridos Catequistas, neste Ano da Fé, queremos  nos comprometer mais com a vivência e o anúncio das verdades que cremos e vivemos, para testemunhar a todos o nosso ser discípulos-Missionários do Reino.
 
“Com a proclamação da Páscoa, Deus cumpre as suas promessas, ressuscitando seu Filho, Jesus.

 
Todos nós, cantamos ALELUIA, anunciando o “dia que o senhor fez para nós”.

 
Neste “ANO DA FÉ”, a celebração da Páscoa é, evidentemente,momento central.

 
A exemplo das mulheres apressada em ir ao sepulcro, a exemplo de Maria Madalena, de João e Pedro,somos todos motivados a madrugar e correr para “ver e crer” que o Senhor Ressuscitou.
Ele, que prometeu permanecer conosco todos os dias até o fim dos tempos, mostrando-se vivo e vitorioso diante do pecado e da morte ,haverá de, também em nós, infundir novo ânimo e jubiloso entusiasmo.

 
É hora, tempo propício ,de a Igreja, que “prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus”, alegrar-se com o anúncio da cruz E DA MORTE DO Senhor,até que Ele venha.

 
  É oportunidade fecunda para todos nós, cristãos, nos sentirmos robustecidos pela força do

 
   Ressuscitado, de modo a vencer pela paciência e pela caridade, as aflições e dificuldades.
 
O Mistério Páscoa foi confiado aos Discípulos do senhor:”o Amor de Cristo enche os nossos corações e nos impele a evangelizar” 
(2 Cor 5,14-15 )

 
O empenho pela “nova evangelização” esperado pela igreja, a fim de descobrir outra vez a  “Alegria de Crer” e
 de reencontrar o entusiasmo de comunicar a Fé, tem na Páscoa de Jesus a grande motivação.

 
A Fé cresce quando é vivida como experiência de Amor recebido e quando é comunicada como experiência da graça e da alegria.

 
Isso acontece na comunidade de irmãos reunido em volta da Palavra e da Eucaristia.
Quando diariamente ou, ao menos, aos domingos celebramos o mistério da nossa Fé na Eucaristia, estamos proclamando a  vitória de Jesus,a sua páscoa,e aguardando o dia em que também nós poderemos dizer:”Vimos o Senhor”.


 
(Dom Geraldo Majella Agnelo)
 
 
 

 
UMA  FELIZ  E SANTA PÁSCOA  REPLETA  DE  PAZ SEMPRE EM  COMUNHÃO  E  MISSÃO!
       
 
Comissão Animação Bíblico Catequética


sábado, 30 de março de 2013

Vigília Pascal do Sábado Santo

Tanto refletimos sobre a Vigília Pascal que esquecemos o clima de tristeza e luto que perpassa o dia do Sábado Santo. Na Liturgia das Horas do Sábado Santo, a Igreja proclama a tristeza da morte de seu Senhor e Mestre, Jesus Cristo. O clima espiritual das liturgias, especialmente aquelas matutinas, cantam lamentações, súplicas de perdão e intercessões de misericórdia. São prenúncios preparativos para exultar com maior força a alegria da Ressurreição. Este clima espiritual da Igreja é iniciado após a Liturgia da Morte do Senhor, na Sexta-feira Santa, quando a Igreja ingressa no grande silêncio. Este grande silêncio do Sábado Santo, pela manhã, é tradicionalmente dedicado à Mãe de Jesus, exemplo de fé e esperança, motivando os cristãos a respirar a vida com os mesmos odores da fé e da esperança, porque Deus cumpre suas promessas e suas promessas estão sempre do lado da vida. O Sábado Santo está envolvido nessa atmosfera de fé e esperança que mistura a tristeza da Cruz e a esperança da Ressurreição. Por isso, o Sábado Santo não se resume na Vigília. Esta é ponto de chegada, o grande auge, a grande exultação que explode de alegria, que celebra a vitória da vida sobre a morte. A grande Vigília Pascal é preparada por um dia silencioso e carregado de profunda espiritualidade — com um quê de espiritualidade “mariana” — contemplando a Mãe silenciosa que sofre sem deixar de crer e esperar em Deus.
         Manifestando a continuidade desse dia silencioso e enlutado, a primeira parte da Vigília Pascal acontece na escuridão silenciosa da noite. Como tudo é simbólico nessa celebração, acendemos o fogo da vida na escuridão da morte. No meio da noite, em uma Igreja escurecida (enlutada) pela morte do Senhor, acendemos uma grande luz para proclamar a vitória de Jesus Cristo recordando as maravilhas divinas, através da longa Liturgia da Palavra que, pouco a pouco, vai acendendo as luzes da igreja e no coração dos celebrantes, fazendo memória da criação divina (1ª leitura), da fé de Abraão (2ª leitura), da liderança profética de Moisés, conduzindo o povo pela Páscoa do deserto (3ª leitura). Depois, a Igreja proclama agradecida, em forma de poemas e cânticos, as promessas divinas (4ª leitura, 5ª leitura, 6ª leitura e 7ª leitura; mais os salmos responsoriais). Finalmente, a luz resplandece com todo o esplendor no túmulo vazio: o Senhor ressuscitou, proclama o Evangelho; “aleluia”, cantam os celebrantes. Nesta longa Liturgia da Palavra, passado e presente se encontram, vida e morte duelam; a vida vence: Jesus ressuscitou (Evangelho). O que isso significa?
         Professamos nossa fé declarando que Jesus “desceu à mansão dos mortos”. Passa pelo mistério da morte, participa da morte como um dia dela participaremos. O Sábado Santo é um dia no qual experimentamos um mundo sem Deus (Deus sepultus est). Por isso, o Sábado Santo começa como dia do sepultamento, até o momento que a sepultura é aberta e deixa de ser lugar dos mortos. Sábado Santo é também o dia, no qual os homens pretenderam enterrar Deus, iludidos que uma pedra seria suficiente para fazê-lo desaparecer da terra. Por isso, na celebração da Vigília Pascal, os celebrantes se colocam do lado de Deus e exultam de alegria porque a vitória da morte foi aparente e por pouco tempo. Depois que Jesus “desceu à mansão dos mortos”, a morte não é mais a mesma. Jesus tirou dela o aguilhão; tirou-lhe a possibilidade de destruir a vida, e a transformou em passagem — em Páscoa — para a vida eterna.

         Algum tempo atrás li um texto que, penso, poderá ajudar a reflexão espiritual do Sábado Santo. Era um texto em francês; não o lembro na íntegra, por isso faço uma adaptação do mesmo, em base as minhas lembranças. O texto dizia que a Mãe de Jesus recebe o manuscrito do evangelista Lucas (seu Evangelho) e, depois de lê-lo, escreve algumas considerações e lembranças do primeiro Sábado Santo da história, que ela passou na casa de João. Passo a algumas partes do texto...

         Li o teu livro, Lucas, e mesmo que tenhas pedido para corrigir ou ampliar a sessão, na qual meu Filho começou a ensinar e pregar na Galiléia, não mudaria nenhuma linha. Durante a leitura a saudade começou a falar alto e não deixo de repensar tudo que ele disse, permitindo assim que ele continue falando no meu coração.
         Até mesmo as lembranças que te contei aparecem com nova vivacidade. Contei que quando o encontramos no Templo, por exemplo, eu e José não tínhamos compreendido bem a explicação que nos dera, que deveria cuidar das coisas do seu Pai. Agora vejo que tudo que dissera tem um sentido profundo, que nos escapa num primeiro momento, mas é melhor compreendido no silêncio da meditação, embora tudo será esclarecido no último dia (....). Foi entre essas lembranças que considero importante dizer algo mais sobre aquele Sábado, quando meu Filho foi colocado na sepultura. Tu dizes simplesmente que entramos e ali o sepultamos como prescrito pela Lei e pelos costumes dos judeus. Naquele dia, o Espírito repousou em mim com todo seu dom de fé e esperança, como só a ele é possível. (Em Pentecostes, isso se tornou visível nas línguas de fogo).
         Depois de ter enterrado o corpo de Jesus, João insistiu que não voltasse para minha casa, mas que ficasse com ele, durante o Sábado. Naquele dia não conversamos quase nada, porque a voz e as palavras nos faltavam. E, mesmo que a dor e o luto transpassassem meu coração, quando chegou a noite, comecei a sentir uma fé e uma certeza inexprimíveis, que jamais tinha sentido em minha vida. (....). Veio-me à mente as palavras que ele dissera a Marta e Maria: “Eu sou a ressurreição e a vida”. Esta foi a Palavra que iluminou meu coração quando a tarde daquele Sábado ia caindo. Comecei a me perguntar exatamente como tinha questionado Gabriel: “como será isso possível?” A resposta foi a mesma: “A Deus nada é impossível!” No 1º dia da semana, continuei meditando silenciosamente estas palavras em meu coração, entre trevas de dor e dores de saudade. Mas elas estavam plenas de certeza, repletas de fé, a ponto que meu coração se aquietou e senti vontade de novamente cantar a Deus, meu salvador.
         Mas, eu ainda nada sabia do que aconteceria naquela manhã. Quando minhas amigas foram ao túmulo com perfumes, eu sentia em meu coração que elas não o encontrariam mais no túmulo. No meio de toda a confusão daquele dia, eu continuei meditando no silêncio de meu coração, ouvindo aqui e ali alguém comentando sobre ressurreição, sem ousar crer que pudesse ser verdade. Foi o próprio João que veio até meu quarto para dar a boa notícia, para comunicar a grande realização de Deus: ele ressuscitou dentre os mortos. Meu Filho ressuscitara. Grande é nosso Deus!
(Adaptação de Serginho Valle)


Leituras deste sábado santo :




1ª leitura: Gn 1,1—2,2 = Depois da criação, Deus viu que tudo era bom




Salmo: Sl 103 - Enviai, Senhor o vosso Espírito, e renovai a face da terra





2ª leitura: Gn 22,1-18 = O sacrifício de Abraão: “não faças nada a teu filho”



Salmo: Sl 15 = Guardai-me, ó Deus, porque em vós meu refugio



3ª leitura: Os Ex 14,15—15,1 = Atravessaram o Mar Vermelho a pé enxuto



Salmo: Ct de Ex 15 = Cantemos ao Senhor, que fez brilhar a sua glória



4ª leitura: Is 54,5-14 = Com misericórdia me compadeci de ti



Salmo: Sl 29 = Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes!



5ª leitura: Is 55,1-11 = Vinde a mim, farei convosco um pacto eterno



Salmo: Ct de Is 12 = Com alegria bebereis do manancial da salvação



6ª leitura: Br 3,9-15.32— 4,4 = Marcha para o esplendor do Senhor



Salmo: Sl 18b = Senhor, tens palavras de vida eterna



7ª leitura: Ez 36,16-17a. 18-28 = Derramarei sobre vós uma água pura



Salmo: Sl 41 = A minh'alma tem sede de Deus



Epístola: Rm 6,3-11 = Cristo ressuscitado dos mortos, não morre mais



Salmo: Sl 117 = Aleluia, daí graças ao Senhor, porque Ele é bom



Evangelho: Lc 24,1-12 = Ele ressuscitou e vai à vossa frente para a Galiléia






 Ressurreição de Jesus Cristo


 


Pedro dirige sua palavra a judeus que conheciam Jesus e os fatos históricos da Paixão e Ressurreição: “vós sabeis o que aconteceu em toda a Judéia, a começar da Galiléia” (1ª leitura). O acontecimento histórico da Ressurreição ilumina a reflexão dos Evangelhos e de Pedro, que define Jesus como aquele que “andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele”(1ª leitura). É a partir da Ressurreição que Pedro, os Apóstolos e todos os discípulos compreendem que a missão de Jesus se destinava a perdoar os pecados da humanidade para torná-la digna de participar da vida divina. Na sua pregação, Pedro não se detém em detalhes da história de Jesus, pois eram conhecidos. Sua pregação esclarece o significado da vida de Jesus através de uma leitura teológica de que “todos os profetas dão testemunho dele” (1ª leitura). Contemplando tais fatos, a Liturgia canta o Sl 117 para exaltar a misericórdia divina, glorificar e louvar a Deus pelas “maravilhas que ele fez a nossos olhos” (salmo responsorial). Olhos da carne, no caso de Pedro e dos Apóstolos, que comeram e beberam com o Senhor (1ª leitura), olhos da fé para quem acredita no testemunho daqueles que “comeram e beberam” com o Senhor (1ª leitura). Pois bem, este Jesus foi morto, ressuscitou e tornou-se pedra angular, a possibilidade do homem, da mulher e da sociedade humana construírem uma nova vida, com um sentido existencial novo (salmo responsorial).



Construir nova vida sobre essa pedra angular exige descartar fundamentos existenciais oferecidos pelo mundo para edificar a vida sobre Jesus e seu Evangelho. As orientações práticas para tal fim estão nas duas cartas de Paulo (propostas à escolha nessa celebração). Uma convida a iluminar a vida com o esplendor da Ressurreição de Jesus, presente em nós desde o Batismo (2ª leitura - CL). Quem é batizado na Ressurreição traz em si o esplendor da luz divina, embora escondida nos limites humanos do corpo; um dia, ela aparecerá plenamente, quando será “revestido de glória” (2ª leitura - Cl). Noutra, Paulo orienta a trocar o fermento velho do mundo pelo fermento da Ressurreição, que leveda a vida no amor divino (2ªleitura - 1Cor). Na prática, não se trata de fugir do mundo, mas nele viver iluminado pelo esplendor da Ressurreição e deixando-se levedar pelo amor divino.



Toda essa teologia e espiritualidade não passará de bela teoria a quem não fizer o caminho da Ressurreição, como as mulheres, na madrugada do mundo (Evangelho), e os discípulos de Emaús, no entardecer de um sonho que terminara em morte (Evangelho da noite). Percorrer esse caminho exige o tempo e o esforço “para alcançar as coisas do alto” (2ª leitura - Cl). A primeira experiência do discípulo e discípula, na busca da Ressurreição acontece na madrugada, com as dúvidas da fé diante de uma sepultura com uma grande pedra irremovível. “Quem irá remover a pedra da sepultura?”,perguntam as mulheres (Evangelho). Quem irá tirar de nós as pedras que encontramos nos caminhos da vida para contemplar o esplendor da Ressurreição de Jesus? O encontro com o túmulo vazio também é questionador: — quem poderia ter tirado a pedra? Quem se interessaria em roubar o corpo, dobrando os panos fúnebres? Questionador porque instiga, provoca a crer na Ressurreição lendo detalhes nos sinais. Quem aprender a gramática dos sinais divinos, que se ilumina na fé, perceberá que a morte tinha sido dobrada nos panos e colocada de lado, pois a vida voltou a resplandecer em Jesus: ele ressuscitou dos mortos (Evangelho). Aleluia!



“Onde puseram o corpo de Jesus”



“Onde puseram o corpo de Jesus”, perguntam as mulheres ao se depararem com o túmulo vazio, na madrugada da Ressurreição. O corpo de Jesus, realidade de sua presença entre nós, havia desaparecido. No Natal, encontramos Jesus no seu corpo humano (Lc 2,7). Isto não acontece na Páscoa, quando sua presença se dá de outros modos: caminha conosco sem ser conhecido, fala em sua Palavra e parte o pão na mesma Mesa onde alimentamos nossas vidas (Lc 24,13-32). No Natal, encontramos no corpo de Jesus a visibilidade do Emanuel, Deus conosco e Deus entre nós; na Páscoa essa certeza desaparece de nossos olhos. “Onde puseram o corpo do Senhor”, para que o encontremos? As mulheres se depararam com o Senhor e o confundiram com um jardineiro (Jo 20,15). Os discípulos de Emaús caminharam 13Km com Jesus, mas só o reconheceram na experiência do coração ardendo ao ouvir sua Palavra, não seu timbre de voz (Lc 24,32). Seja para as mulheres como para os discípulos, os olhos estavam fechados pelo medo, ansiedade, decepção, dor, susto, choros, deplorações... sentimentos que impedem ver e sentir a presença divina nos acontecimentos da vida. Não é falta de fé, apenas a necessidade do tempo necessário para que a fé amadureça.



Nesse “Ano da Fé”, é importante celebrar a Ressurreição de Jesus não apenas como uma convicção mental, de quem crê porque outros disseram que isso aconteceu, mas se colocando a caminho para contemplar as maravilhas que o Senhor realiza em nossas vidas (SR). Todas as nossas celebrações são memoriais: proclamam os feitos do Senhor, dão graças, e se projetam para o futuro que é eterno. Por isso, a celebração é fonte da fé, que confirma e indica o caminho capaz de dilatar o tempo e o espaço da vida. Celebrar a Ressurreição não se limita ao fato histórico em si, mas é momento para repetidamente perceber a presença do Senhor nos caminhos de nossas vidas, sejam eles no escuro da madrugada ou no lusco-fusco da tarde.



Sempre é preciso fazer e refazer o caminho, como dito acima. Por isso, a celebração é uma pausa restauradora, como proclama um “orate fratres”, no rito das oferendas. Fazer e refazer o caminho recordando (trazendo para o coração, para o centro da vida) aquilo que o Senhor fez e continua fazendo em nossas vidas. “Quantas maravilhas ele faz a nossos olhos”, em nossas vidas, canta o salmista. Não se trata de envolver a fé num sentimento bom, embora isso se torne conseqüência, mas torná-la palpável e concreta, na pedagogia de quem caminha nas estradas do mundo ao lado de Jesus ressuscitado. Para isso é importante caminhar mais atento que os discípulos de Emaús e perceber, na fé, a presença do Senhor ressuscitado ao nosso lado. Feliz Páscoa!



(Francisco Régis)







Retirado do site http://www.liturgia.pro.br/site/

quinta-feira, 21 de março de 2013

Domingo de Ramos

“teu rei vem montado num humilde jumentinho.”  (Zc 9,9)
 
 
A celebração Ramos se inicia fazendo memória da entrada de Jesus em Jerusalém. A procissão que realizamos não é um fato folclórico, mas memória de um acontecimento salvífico profetizado por Zacarias (Zc 9,9): “teu rei vem montado num humilde jumentinho.” Participar dessa procissão é um modo de continuar a mesma aclamação iniciada pelo povo de Jerusalém, quando acolheu Jesus com hosanas, com ramos de oliveiras. Nós relembra-mos a mesma aclamação em nossa cidade, proclamando lá na rua, para que todos escutem que o Senhor é nosso rei.  Jesus vem até nós montado num jumentinho — animal usado para o serviço e para o trabalho, entre os judeus —. Vem como servidor ao proximo, em total humildade, anunciando  o poder do amor e da paz, para que  sejam plantados na terra e no coração de cada pessoa. Em Jesus tem início uma nova ordem social, não fundamentada nos poderes políticos, mas no poder do serviço, do amor e da fraternidade. Não aclamamos um político e nem um revolucionário, mas o Messias, aquele que foi enviado por Deus com a missão de trazer a paz divina para a terra. 
 
 
A missão de Jesus
 
Jesus veio à terra com essa missão de plantar a força do amor, da paz e da fraternidade. O evangelista Lucas descreve a missão de Jesus como uma grande viagem, começada na Galiléia, onde Jesus inicia suas atividades, e terminada em Jerusalém, quando entra na cidade santa para ali concluir sua missão, oferecendo sua vida em sacrifício ao Pai. O grito de Jesus, na Cruz — “tudo está consumado” — significa que realizou plenamente a missão que o Pai lhe confiara. Ele introduziu o Reino de amor na terra, ensinou que a fraternidade promove a justiça, a solidariedade e a paz. Jesus não entra na cidade com o símbolo do poder e da força política daquele tempo, um cavalo, mas com a simplicidade de um jumentinho, um animal para o trabalho, a serviço dos homens. Jesus entra na cidade como quem se coloca a serviço dos homens com seu Evangelho.
 
 
É nosso dever continuar o projeto iniciado por Jesus
 
 Jesus, iniciada o seu projeto Divino, na Galiléia e se completa em Jerusalém, acontece no dia da Páscoa dos judeus. Jesus tinha a intenção de mostrar aos discípulos e a todos nós, que existe uma relação direta entre a Páscoa dos judeus e tudo que acontecia com ele. Queria que seus discípulos entendessem que a sua morte na Cruz não era uma derrota, o fim de um projeto que ele ensinava; era apenas o começo. O projeto deveria ser continuado por nós. Jesus queria que seus discípulos entendessem que aquele cordeiro pascal, que os judeus matavam e comiam para celebrar a Páscoa, era ele mesmo, morto na Cruz. Mas, o  cordeiro precisava ser consumado, ser comido numa ceia ritual, como era a Páscoa judaica. Por isso, Jesus toma o pão e o vinho e os apresentam como seu Corpo e Sangue. Quem come o pão e o vinho, reunido numa ceia pascal, como esta que fazemos agora, na celebração da Missa, está comendo, está se alimentando da Páscoa de Jesus.  Cada vez que nos sentamos ao redor da Mesa da Eucaristia, não apenas rezamos ou cantamos a Deus, mas nos comprometemos com o projeto de Deus iniciado por Jesus.
 
 
Testemunhar o Evangelho
 
O tema da Campanha da Fraternidade deste ano foi um convite dirigido a todos nós, mas especialmente aos jovens: “Eis-me aqui, envia-me!” Enviar para onde e com que objetivo? O envio é para o mundo, para nossas comunidades, para nossas cidades, para os locais onde vivemos. O objetivo não é, em primeiro lugar, aumentar o número de cristãos, mas testemunhar a mensagem do Evangelho através da vida. Testemunhar, com um sorriso no rosto, com paz e serenidade no coração, que cremos na possibilidade de mudar os relacionamentos sociais através do poder do amor, do serviço fraterno e com a dinâmica da misericórdia... não queremos tomar o lugar do poder político, do poder econômico, do poder da ciência, etc... mas queremos que esses poderes se transformem em serviço para o bem do povo e para que nos relacionemos fraternalmente entre nós. Quem senta à mesa com o Senhor, como fazemos agora, se compromete com esse projeto de Jesus. A quem tem medo dos enfrentamentos, porque eles acontecem e são inevitáveis, Jesus garante a sua oração em nosso favor: “eis que orei por ti” — diz o Evangelho da Paixão — “para que tua fé não esmoreça”, não se enfraqueça, não se intimide e muito menos tenha vergonha. Nós celebramos a Missa para nos comprometer com o projeto de Jesus, para estar a serviço do seu Reino. Levamos esse projeto de modo simples — “montado em jumentos”, podemos dizer — mas o levamos com a força e a coragem da fé, pois cremos que o Evangelho é a melhor proposta que existe para o mundo e para a vida de cada pessoa.

Texto : www.liturgia.pro.br
Fotos : http://savmaringa.blogspot.com.br/2013/01/campanha-da-fraternidade-2013.html
            http://cançãonova.com.br

 
 

terça-feira, 19 de março de 2013

Em missa inaugural, Papa Francisco pede pelos pobres e pelo ambiente

Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!
 


Saudação aos fiéis

Antes da missa, o novo pontífice, de 76 anos, saudou os milhares de fiéis que lotavam a Praça de São Pedro, no Vaticano, diante da Basílica, para acompanhar a cerimônia.

 O pontífice citou São Francisco de Assis, padroeiro do meio ambiente e inspirador de seu nome papal.

Ele afirmou que seu ministério é "cuidar das pessoas, principalmente dos mais pobres".
"Peço a todos aqueles que ocupam papel de responsabilidade nos meios econômico, politico e social, a todos homens e mulheres de boa vontade, para que cuidem da criação. Do desenho de Deus na Natureza. Cuidem um do outro, do meio ambiente", disse.
O pontífice, primeiro jesuíta a exercer o cargo, também apelou aos fiéis e principalmente às pessoas em postos de comando para que não deixem que os "sinais de destruição" dirijam o mundo.
"Vamos lembrar que o ódio, a inveja, a soberba sujam a vida", afirmou o pontífice. "Cuidar, então, significa vigiar nosso sentimento, nosso coração, porque é dali que vem as coisas boas e as más intenções. Aquelas que destroem e aquelas que constroem."
Francisco terminou a homilia pedindo a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro, São Paulo e de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o seu ministério.
 
Anel e pálio
Durante a missa, o pontífice recebeu o anel do pescador e o pálio, símbolos da autoridade papal.
Após a cerimônia, começou o tradicional "beija mão", em que membros de delegações de 132 países e líderes religiosos de todo o mundo fizeram fila para cumprimentar o pontífice.
 
 
 
A cerimônia demorou cerca de uma hora e meia.
 
 
 
Entre os chefes de Estado presentes no Vaticano, estava a presidente brasileira Dilma Rousseff.


 
 
 
 
 




Homilia do Papa Francisco na Missa de início do Ministério Petrino
 
 
Queridos irmãos e irmãs!
Agradeço ao Senhor por poder celebrar esta Santa Missa de início do ministério petrino na solenidade de São José, esposo da Virgem Maria e patrono da Igreja universal: é uma coincidência densa de significado e é também o onomástico do meu venerado Predecessor: acompanhamo-lo com a oração, cheia de estima e gratidão.
Saúdo, com afecto, os Irmãos Cardeais e Bispos, os sacerdotes, os diáconos, os religiosos e as religiosas e todos os fiéis leigos. Agradeço, pela sua presença, aos Representantes das outras Igrejas e Comunidades eclesiais, bem como aos representantes da comunidade judaica e de outras comunidades religiosas. Dirijo a minha cordial saudação aos Chefes de Estado e de Governo, às Delegações oficiais de tantos países do mundo e ao Corpo Diplomático.
Ouvimos ler, no Evangelho, que «José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa» (Mt 1, 24). Nestas palavras, encerra-se já a missão que Deus confia a José: ser custos, guardião. Guardião de quem? De Maria e de Jesus, mas é uma guarda que depois se alarga à Igreja, como sublinhou o Beato João Paulo II: «São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo» (Exort. ap.Redemptoris Custos, 1).
Como realiza José esta guarda? Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender. Desde o casamento com Maria até ao episódio de Jesus, aos doze anos, no templo de Jerusalém, acompanha com solicitude e amor cada momento. Permanece ao lado de Maria, sua esposa, tanto nos momentos serenos como nos momentos difíceis da vida, na ida a Belém para o recenseamento e nas horas ansiosas e felizes do parto; no momento dramático da fuga para o Egipto e na busca preocupada do filho no templo; e depois na vida quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício a Jesus.
Como vive José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja? Numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projecto d’Ele que ao seu. E isto mesmo é o que Deus pede a David, como ouvimos na primeira Leitura: Deus não deseja uma casa construída pelo homem, mas quer a fidelidade à sua Palavra, ao seu desígnio; e é o próprio Deus que constrói a casa, mas de pedras vivas marcadas pelo seu Espírito. E José é «guardião», porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas. Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação!
Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus!
E quando o homem falha nesta responsabilidade, quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então encontra lugar a destruição e o coração fica ressequido. Infelizmente, em cada época da história, existem «Herodes» que tramam desígnios de morte, destroem e deturpam o rosto do homem e da mulher.
Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito económico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para «guardar», devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura.
A propósito, deixai-me acrescentar mais uma observação: cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com ternura. Nos Evangelhos, São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!
Hoje, juntamente com a festa de São José, celebramos o início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, que inclui também um poder. É certo que Jesus Cristo deu um poder a Pedro, mas de que poder se trata? À tríplice pergunta de Jesus a Pedro sobre o amor, segue-se o tríplice convite: apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas. Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afecto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Apenas aqueles que servem com amor capaz de proteger.
Na segunda Leitura, São Paulo fala de Abraão, que acreditou «com uma esperança, para além do que se podia esperar» (Rm 4, 18). Com uma esperança, para além do que se podia esperar! Também hoje, perante tantos pedaços de céu cinzento, há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos esperança. Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança! E, para o crente, para nós cristãos, como Abraão, como São José, a esperança que levamos tem o horizonte de Deus que nos foi aberto em Cristo, está fundada sobre a rocha que é Deus.
Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!
Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim! Amen.
 Cidade do Vaticano, (Zenit.org)

Jesus tem uma capacidade especial de esquecer.

Homilia do papa Francisco durante Missa na paróquia de Santa Ana
 
Como é belo isto: primeiro, Jesus a sós na montanha, rezando. Orava sozinho (cf. Jo 8,1). Depois, ele voltou para o templo e todo o povo foi até ele (cf. vers. 2). Jesus em meio ao povo. No fim, eles o deixaram sozinho com a mulher (cf. vers. 9). A solidão de Jesus! Mas uma solidão fecunda: a solidão da oração com o Pai e a solidão, tão bela, e que é justamente a mensagem de hoje da Igreja, da sua misericórdia para com aquela mulher.

Também há uma diferença no meio do povo: havia todas aquelas pessoas que iam até ele; ele se sentou e começou a ensinar. O povo que queria ouvir as palavras de Jesus, o povo de coração aberto, necessitado da Palavra de Deus. E havia outros que não ouviam nada, que não podiam ouvir; e eram aqueles que tinham ido até ali com aquela mulher: “Mestre, esta é uma tal, uma qual... Temos que fazer o que Moisés mandou fazer com essas mulheres” (cf. vv. 4-5).

Nós também, acredito, somos um povo que, por um lado, quer escutar Jesus, mas, por outro, às vezes gosta de bater nos outros, de condenar os outros. A mensagem de Jesus é esta: a misericórdia. Para mim, e eu digo isso com humildade, é a mensagem mais forte de Nosso Senhor: a misericórdia. Ele mesmo disse: eu não vim para os justos; os justos se justificam sozinhos. Senhor bendito, se tu podes fazer, faz, porque eu não posso! Mas eles acreditam que podem fazê-lo. Eu vim para os pecadores (cf. Mc 2,17).

Pensem naquela conversa depois do chamado de Mateus: “Mas ele anda com os pecadores!” (cf. Mc 2, 16). E ele veio para nós, quando reconhecemos que somos pecadores. Mas se nós somos como aquele fariseu, diante do altar: “Obrigado, Senhor, porque eu não sou como todos os outros homens, nem como aquele que está à porta, como aquele publicano” (cf. Lc 18,11-12), então nós não conhecemos o coração do Senhor e nunca teremos a alegria de sentir esta misericórdia! Não é fácil confiar-se à misericórdia de Deus, porque ela é um abismo incompreensível. Mas temos que nos confiar! “Ah, padre, se o senhor conhecesse a minha vida, não diria isso”. “Por quê? O que você fez?”. “Ah, eu fiz tantas coisas graves”. “Melhor! Vá até Jesus. Ele gosta quando você lhe conta essas coisas”. Ele esquece, ele tem uma capacidade de esquecer, especial. Ele esquece, te beija, te abraça e te diz apenas: “Nem eu te condeno. Vai, e de agora em diante, não peques mais” (Jo 8, 11). Ele só nos dá esse conselho. Depois de um mês, já estamos de novo nas mesmas condições... Voltemos para o Senhor. O Senhor nunca se cansa de perdoar, nunca! Somos nós que nos cansamos ​​de pedir perdão a ele. E peçamos a graça de nunca nos cansarmos de pedir perdão, porque ele nunca se cansa de perdoar. Peçamos esta graça.

 Palavras no final da Santa Missa

Alguns de vocês, aqui, não são paroquianos, como estes padres argentinos que estão aqui, e o meu bispo auxiliar, que por hoje serão paroquianos. Mas eu quero lhes apresentar um padre que veio de longe, que trabalha com os jovens da rua, com os usuários dependentes de drogas. Ele fez uma escola para eles, realizou muitas coisas para que eles conheçam Jesus. E todos aqueles jovens de rua agora trabalham, estudam, têm capacidade de trabalho, acreditam e amam Jesus. Gonzalo, por favor, venha saudar as pessoas. Rezem por ele. Ele trabalha no Uruguai, é o fundador do liceu João Paulo II e faz esse trabalho. Eu não sei como ele chegou aqui hoje. Depois vou saber. Obrigado. Rezem por ele.


Cidade do Vaticano, (http://www.zenit.org/pt/articles/jesus-tem-uma-capacidade-especial-de-esquecer)
 

sábado, 16 de março de 2013

A visita a Santa Maria Maior.


A visita a Santa Maria Maior, a etapa na Casa do Clero: tudo em nome de um estilo decididamente informal. 


A reportagem é de Alessandro Speciale, publicado no sítio Vatican Insider, 14-03-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O seu primeiro dia como 

Papa Francisco começou cedo, pouco depois das 8 horas, com a visita – prometida na quarta-feira à noite durante o seu primeiro discurso público – à basílica mariana de Santa Maria Maior.


A visita logo foi uma oportunidade para continuar definindo o seu estilo papal em nome da simplicidade: Francisco chegou à basílica em um carro da Gendarmeria Vaticana, sem ser acompanhado por um longo cortejo de carros. Com ele estava, dentre outros, Dom Georg Gänswein, prefeito da Casa Pontifícia, ao lado do novo pontífice, como exigido pelo seu cargo.

 
A visita do Papa Bergoglio Santa Maria Maior foi privada – explicou o porta-voz vaticano, padre Federico Lombardi, durante o seu encontro diário com os jornalistas – em um lugar particularmente significativo para os jesuítas: abaixo do ícone de Maria "Salus Populi Romani", conservada na capela Borghese, diante do qual ele parou por cerca de dez minutos em oração silenciosa, a Basílica do Esquilino também hospeda o altar em que Santo Inácio de Loyola, o fundador dos jesuítas, celebrou a sua primeira missa.

 
Na basílica, Francisco também parou brevemente em oração diante do altar-mor, onde, segundo a tradição, está conservado um fragmento da manjedoura onde foi deposto o menino Jesus, e em frente ao túmulo de São Pio V, na Capela Sistina.

 
No caminho de volta, o neopapa pediu que o motorista fizesse uma mudança de percurso: Francisco quis parar na Casa do Clero, na Via della Scrofa, onde estivera hospedado nas semanas anteriores ao conclave. O Papa Bergoglio voltou para retirar as suas coisas e cumprimentar a equipe pessoalmente. E, antes de ir embora, para o espanto dos funcionários da Prefeitura da Casa Pontifícia, também pediu para pagar a conta – "para dar o bom exemplo", disse o padre Lombardi.

 
O estilo informal e direta do novo pontífice certamente provocará muitos problemas para os homens da Gendarmaria Vaticana encarregados pela sua segurança. Mas, lembrou o porta-voz vaticano, "os responsáveis pela segurança estão a serviço do papa e eles sabem disso. Eles tentam interpretar o que o papa quer e adaptar o seu estilo ao estilo pessoal dele – na consciência de que não são eles que ditam o jogo, mas sim o papa".

Um estilo que parece surgir a partir de muitos dos detalhes nessas horas. Nessa quarta-feira, contou Lombardi, o Papa Francisco "aceitou a obediência dos cardeais em pé", sem utilizar o pequeno trono branco sobre-elevado que havia sido preparado para ele. Ou o porta-voz apontou para a atenção ao hábito muito simples, sem capa, usado durante a bênção Urbi et Orbi de quarta-feira à noite, com uma simples cruz de metal no pescoço, não de ouro e sem ornamentos, recebida ainda antes de se tornar bispo.

Também o fato de "ter querido o Vigário de Roma ao seu lado é um aspecto novo, para fazer referência particular ao povo de Roma", acrescentou Lombardi, até o gesto de pedir que os fiéis rezassem sobre ele antes de dar a bênção.

 
O porta-voz vaticano também contou um episódio que ocorreu na quarta-feira, ao término da sua primeira aparição pública: Francisco quis voltar para Santa Marta com o micro-ônibus, junto com os outros cardeais, sem utilizar o carro oficial com a placa "SCV 1", que havia sido preparado para ele. "Que Deus lhes perdoe", disse Bergoglio, depois de jantar com os cardeais.

 
Na manhã dessa quinta-feira, retornando ao Vaticano, o novo papa se encontrou com alguns colaboradores em Santa Marta e começou a organizar o seu novo "trabalho". À tarde, na Capela Sistina, a missa com os cardeais eleitores – onde fez o seu primeiro discurso "de improviso" – e a ruptura dos selos do Apartamento pontifício, onde ele entrará daqui a poucos dias, depois de poucos mas essenciais trabalhos de reestruturação. Sempre, já é possível imaginar, em nome da sobriedade.


Quando caminhamos sem a Cruz, não somos discípulos do Senhor.


 
ROMA, 14 de Março de 2013 (Zenit.org) - Nesta quinta-feira, às 17 horas, na Capela Sistina, o Santo Padre Francisco celebrou Missa Pro Ecclesia (pela Igreja) com os cardeais eleitores que participaram do Conclave. Durante a celebração eucarística, após a proclamação do Santo Evangelho, comentando as leituras (Primeira leitura: Isaías 2: 2-5; Segunda Leitura: 1 Pedro 2, 4-9; Evangelho: Mt 16, 13-19), o Papa Francisco pronunciou a seguinte homilia:

Nessas três leituras, vejo que há algo em comum: o movimento. Na primeira leitura, o movimento no caminho; na segunda leitura, o movimento na edificação da Igreja; na terceira, o Evangelho, o movimento na confissão. Caminhar, edificar, confessar.
 
Caminhar. “Casa de Jacó, vinde, caminhemos à luz do Senhor” (Is 2,5). Esta é a primeira coisa que Deus disse a Abraão: caminhe na minha presença e seja irrepreensível. Caminhar: a nossa vida é um caminho e quando paramos, as coisas não correm bem. Caminhar sempre, na presença do Senhor, à luz do Senhor, tentando viver a irrepreensibilidade que Deus pedia a Abraão, em sua promessa.

Edificar. Edificação da Igreja. Fala-se de pedras: as pedras têm consistência, pedras vivas, pedras ungidas pelo Espírito Santo. Edificar a Igreja, Esposa de Cristo, sobre a pedra angular que é o próprio Senhor. Aqui está outro movimento da nossa vida: edificar.
Terceiro, confessar. Podemos caminhar o quanto quisermos, podemos edificar muitas coisas, mas se não confessamos Jesus Cristo, as coisas não correm bem. Nos tornaremos uma ONG piedosa, mas não a Igreja, Esposa do Senhor. Quando não caminhamos, paramos. Quando não edificamos sobre a pedra, o que acontece? Acontece o que acontece com as crianças quando elas constroem castelos de areia na praia, tudo desaba, não tem consistência. Quando não confessamos Jesus Cristo, me vem em mente as palavras de Léon Bloy: "Quem não prega o Senhor, prega o diabo". Quando não se confessa Jesus Cristo, se confessa a mundanidade do diabo.
 
Caminhar, edificar-construir, confessar. Mas não é tão fácil, porque no caminhar, no construir, no confessar, às vezes acontecem terremotos, acontecem movimentos que não são os movimentos próprios do caminho: são movimentos que nos puxam para trás.
 
O Evangelho prossegue com uma situação especial. O próprio Pedro que confessou Jesus Cristo, diz: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Eu o sigo, mas não falemos de Cruz. Isso não tem nada a ver. Eu te seguirei com outras possibilidades, sem a Cruz. Quando caminhamos sem a Cruz, quando edificamos sem a Cruz e quando confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos Bispos, Padres, Cardeais, Papas, mas não discípulos do Senhor.

Eu gostaria que todos, após esses dias de Graça, tenhamos a coragem, exatamente a coragem de caminhar na presença do Senhor, com a Cruz do Senhor; de construir a Igreja no sangue do Senhor, que foi derramado na Cruz; e de confessar a única glória: Cristo Crucificado.